Tempo, tecnologia, e o museu em chamas

Sócio-diretor da Agência NBZ Negócios Digitais

“O que é tempo, afinal? Se ninguém me pergunta, eu sei; mas, se me perguntam e eu quero explicar, já não sei.”
Assim dizia Santo Agostinho sobre o Tempo.
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O Tempo é essa coisa angustiantemente indefinida, mas que nos define. Somos uma lapso de agora entre dois nadas: o passado que já não é mais, e o futuro que ainda não veio a ser. Nisso nós existimos. Em uma vírgula que separa dois nadas. Você está lendo agora, no presente, mas quando reflete sobre isso, já é passado. O presente é eterno, e ao mesmo tempo é inexistente.
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Então, apesar de sempre estarmos aqui, agora, no presente, o que faz você aí leitor ser você são as lembranças de quem você foi, e a projeção do que você deseja ser.
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Ontem todos nós ficamos impactados pela perda do Museu Nacional. Ao todo, eram impressionantes 20 milhões de itens… perdemos boa parte do nosso passado. E, com isso, boa parte do que somos agora.
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A tecnologia tem nos ajudado a preservar nossa memória. De ontem pra hoje, vi inúmeras fotos de obras do Museu Nacional que nunca mais poderão ser vistas ao vivo, mas que estarão vivas de uma outra forma. Deixam de ser átomos, e passam a ser bytes processados online.
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Ao longo da história humana milhões, talvez bilhões, de itens se perderam como se nunca tivessem existido. Mas hoje podemos consultar catálogos online de museus no mundo inteiro. Prédios podem ser facilmente scaneados e modelados em 3D, e peças impressas em réplicas. De alguma forma, a tecnologia pode preservar parte da nossa memória.
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Mas, a tecnologia não pode fazer o passado voltar a ser presente. O Museu Nacional se foi, e com ele se foram tempos. Tempos de cada peça, tempos de vida de pesquisa. Tempos…
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E o tempo que se foi, mesmo que permaneça em registros, já não é mais...
 
Foto: Reprodução. Siga o insta @sitealoalobahia.

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