Sebrae lança “guia de sobrevivência” para PMEs no coronavírus. Veja dicas

A pandemia causada pelo coronavírus atingiu não só o sistema de saúde, provocando milhares de mortes no Brasil e no mundo, mas também teve um impacto na economia que ainda é difícil de mensurar. Com a grande maioria das lojas fechadas e serviços de atendimento público suspensos para tentar baixar a curva de expansão da covid-19 e não sobrecarregar os hospitais, os donos de pequenos negócios tiveram de fazer contas e tentar se reinventar para minimizar os prejuízos.

Apesar das perdas, as micro e pequenas empresas estão diante de uma oportunidade de renovação: é hora de investir em capacitação, buscar ajuda especializada e tirar ideias novas do papel. Para auxiliar nessa jornada, o Jornal de Negócios preparou um guia para a sobrevivência das micro e pequenas empresas a partir das orientações da equipe de consultores do Sebrae-SP.
 

Como os setores podem reagir

Agronegócio
O produtor que nunca fez delivery deve se valer de parcerias com quem já faz para começar.
  • Detalhes fazem a diferença: entregas com horário determinado ou cestas com mix de produtos, mais práticas e com menos desperdício.
  • Quem trabalha com frutas de menor demanda ou exóticas pode fazer parcerias com produtores de itens com mais saída para compor as cestas.
  • Entregue um produto limpo, bem embalado e até cortado ou pré-cozido. Ofereça amostras e envie receitas ou dicas de como preparar os produtos.
  • Participe de cooperativas e pense em criar uma marca com outros produtores.
Varejo
  • O consumo de produtos não essenciais vai continuar, mas menor. Formule novos argumentos de vendas de acordo o que você conhece do seu público, adaptando para a situação atual.
  • Monte combos ou kits de produtos para atrair o interesse do cliente
    Invista na presença online e no delivery (veja quadro ao lado).
  • Para negócios que dependem da presença física, como bares e determinados serviços, uma opção é fazer vendas para o futuro, com vouchers ou mensalidades pagas agora para consumo depois do fim da quarentena.
Indústria
  • Renegocie os compromissos vigentes e futuros com fornecedores, parceiros, prestadores de serviços diretos e, principalmente, clientes.
  • Redimensione, se necessário, o número de colaboradores à necessidade de produção de forma a equilibrar a saúde financeira de curto prazo. Mais importante do que qualquer compromisso comercial é a segurança de seu colaborador.
  • Aproveite a parada forçada para reorganizar a empresa e fazer manutenção do maquinário. Reveja processos, pense em mudanças de layout. Isso possibilita operar de forma mais organizada e eficiente assim que houver a normalização das atividades.
  • Analise o estoque. Material que estiver sem uso há tempos e sem perspectiva de uso pode ser repassado ou vendido.
 
Finanças
 
Até que o cenário econômico volte a uma relativa normalidade, os donos de pequenos negócios têm a seu alcance uma série de medidas para dar fôlego nas finanças. Um exemplo é o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, que permite redução de carga horária/salários e a suspensão temporária do contrato de trabalho do funcionário.

Iniciativas do poder público também permitem adiar o pagamento de contas de consumo, como água e energia elétrica, e bancos estão oferecendo prorrogação de dívidas. Um cuidado recomendado pelos consultores é não tomar crédito antes de fazer a lição de casa e analisar os custos da empresa e o que pode ser cortado — o Sebrae-SP pode ajudar nesse processo.

A presença online é fundamental

Se seu cliente não pode ir até você, você precisa ir até ele. Para isso, invista em um perfil nas redes sociais (as principais para negócios são Instagram, WhatsApp e Facebook) e ofereça delivery do que for possível. Se seu segmento não permite isso — caso dos salões de beleza, por exemplo —, dê dicas de cuidados, interaja com seu público e pense em vender pacotes de serviços promocionais para ser usados até o final do ano, por exemplo.

Já se você consegue fazer entregas de seu produto, é hora de conhecer as opções. Afinal, montar um delivery é como abrir uma nova empresa dentro de sua empresa:
  • Analise os custos e defina se sua entrega será própria ou terceirizada via algum aplicativo.
  • Defina a área de atendimento e coloque no papel o valor de frete e os custos de cada meio de pagamento.
  • Faça um pente-fino no seu cadastro de clientes, retome o contato com aqueles que já não são mais clientes assíduos. Se for o caso, coloque um cartaz na frente do estabelecimento avisando sobre o funcionamento do delivery.
  • Donos de restaurantes devem adaptar o cardápio: veja quais produtos são os mais adequados para entrega, qual embalagem vai funcionar melhor e, se for necessário, crie novos pratos ou “combos”.
  • Desenhe seu processo: quem recebe, quem prepara, quem despacha. Talvez seja necessário mexer na escala de funcionários e no horário de funcionamento.
Importante: comunique claramente ao seu cliente as medidas de segurança e de higiene.
O que esperar da retomada?

A economia brasileira vai passar por um período de grandes dificuldades e com nível de atividade e de poder de consumo abaixo do que era antes da pandemia. A recuperação não será uniforme para os diferentes setores. Hábitos e relacionamentos passarão por mudanças e o consumidor vai valorizar mais a higiene e a segurança com a saúde.

Haverá ainda uma sensação de medo e negócios que dependem da concentração de pessoas sentirão os efeitos por mais tempo. As empresas antenadas aos novos padrões terão mais chance de sucesso: as empresas obrigatoriamente terão de estar presentes e ativas nas redes sociais, o delivery ganhará mais importância e o comércio online terá maior demanda. Ensino à distância, entretenimento online e ferramentas para trabalho remoto devem conquistar mais espaço. O home office ganhará força e será mais adotado.

Alguns segmentos, com demanda reprimida na crise, podem ter alta em seguida até atingirem estabilização, como roupas e acessórios, serviços de beleza e eletrodomésticos.

Outra tendência importante será da valorização das parcerias entre empreendedores de pequeno porte e o comércio local. ( via EXAME).
 
Foto: Divulgação. Siga o insta@sitealoalobahia.

NOTAS RECENTES