13 Oct 2023
Santo Amaro vai receber festival de música e pesquisa com Gerônimo, Metá Metá e mais
Além disso, as duas noites terão abertura com atrações locais, selecionadas através de uma convocatória pública, e dois DJs fazem a ambientação no local: Lerry e MVK0. As apresentações acontecem a partir das 19h em plena Praça da Purificação, ocupando as ruas da cidade.
Nesta quinta edição do evento, serão destacadas tradições originárias de matrizes indígenas na identidade do Recôncavo. A cada ano, um recorte curatorial indica os caminhos de trabalho. Desta vez, as matas, as águas, a caboclagem ribeirinha, os saberes e a riqueza cultural dos povos originários do Brasil e da formação da nação são o fundamento.
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Palestras
No Pavilhão de Aulas do Cecult, da UFRB, será realizada a mesa “Música e Comunicação”, mediada pelas professoras Nadja Vladi e Tatiana Lima, ambas da UFRB, junto com Juliana Gutmann, da UFBA. A proposta é uma discussão acerca das interfaces entre comunicação, música e epistemologias decoloniais, reunindo sete trabalhos de pesquisa sobre músicas urbanas e de tradição oral a partir de perspectivas de comunicação, raça, etnia, gênero, pós-gênero, sexualidades e interseccionais. A conversa será na sexta (20), das 16h às 19h.
Já o sábado, dia 21, será dedicado ao minicurso “Profissão artista: programa de gestão de carreira com estratégia”, ministrado por Júlia Salgado, das 9h às 12h e 14h às 18h, no Arquivo Público Municipal. São 30 vagas disponíveis com inscrições prévias.
Para completar, numa ação prévia ao festival, o Paisagem Sonora vai oferecer três oficinas técnicas com profissionais de referência em suas áreas: Direção de Palco, com Tio Bill; Iluminação, com Milena Pitombo; e Sonorização, com Caetano Bezerra. As turmas acontecem nos dias 18 e 19 de outubro, das 9h às 13h, no Pavilhão de Aulas do Cecult, com 15 vagas cada, ocupadas previamente por seleção.
Todas as informações estão disponíveis em www.paisagemsonorabahia.org.
Serviço:
Shows de sexta-feira, 20 de outubro:
Coletivo Xaréu – Uma das ações continuadas do Paisagem Sonora, o Coletivo Xaréu foi criado em 2011 por professores da UFRB e se reformulou em 2022 como uma atividade de extensão. Atualmente, reúne músicos, cantores e beatmakers, dentre estudantes bolsistas e voluntários, sob coordenação do maestro Sólon Mendes. A proposta é criar um repertório de referências da musicalidade do Recôncavo Baiano – filarmônicas, candomblé, samba de roda, pagode, sofrência –, conectado com experimentações, técnicas expandidas, timbragens, arranjos e grooves da música urbana e contemporânea do mundo. Boa parte das composições e arranjos é autoral, fruto do permanente laboratório de experimentação.
Sapopemba – Cantor, compositor, ogã e percussionista alagoano radicado em São Paulo, Sapopemba se iniciou ainda jovem no Candomblé Ketu, assumindo a função de ogã, na qual aprendeu um vasto repertório de cantigas, assim como os sambas de roda que sempre finalizam os rituais sagrados com festa. Ao longo da vida e das muitas funções profissionais que exerceu – caminhoneiro, motorista, pintor, segurança e, claro, músico –, Sapopemba se converteu em um pesquisador da história e da diversidade musical afro-brasileira. Com vasta e elogiada experiência artística, apenas em 2020, aos 72 anos, lançou pelo Selo Sesc o seu primeiro álbum solo, “Gbọ́”, com produção musical de André Magalhães e direção musical de Ari Colares. No repertório, se mesclam composições autorais e cantigas de Candomblé que conduzem através da diversidade musical das muitas Áfricas que aportaram ao longo dos séculos no Brasil. Completam o disco duas regravações do cancioneiro afro-baiano, mostrando que a sonoridade dos terreiros é um dos pilares da música popular brasileira.
Metá Metá – Um dos grupos mais prestigiados e representativos do atual cenário musical brasileiro, o Metá Metá propõe uma maneira particular de cantar e tocar instrumentos, com ênfase nos arranjos rítmicos e polifônicos. Desde o primeiro dos três discos, além de dois EPs, somando 15 anos de estrada, a banda chama atenção pela maneira com que mostra suas influências musicais, que passam pela música brasileira, free jazz, música africana e rock. Formado por Juçara Marçal (voz), Thiago França (sax) e Kiko Dinucci (guitarra), Metá Metá já se apresentou em importantes festivais nacionais e internacionais.
Brisa Flow – Cantora selvagem que mistura seu rap com cantos ancestrais, jazz, eletrônico e neo/soul. Artista transdisciplinar, trabalha com linguagens musicais e atua como cantora, produtora musical, performer e pesquisadora. Constrói arte a partir da vivência de seu corpo no mundo, criando caminhos que desprendem das amarras da colonialidade. Com três álbuns lançados, sua música é um encontro com as energias da Terra. Desenvolve estéticas artísticas pela prática e pesquisa do canto que tece memórias e futuros originários. Também é arte-educadora licenciada em Música. MC da cultura hip hop e filha de artesãos araucanos, pesquisa e defende a música indígena contemporânea, a arte dos povos originários e o rap como ferramentas necessárias para combater o epistemicídio.
Shows de sábado, 21 de outubro:
Sonora Amaralina – Formada em 2018, a Sonora Amaralina se destaca como a primeira orquestra de Cumbia da Bahia. Funde tradição e inovação, apresentando interpretações autênticas de músicas tradicionais de Cumbia, bem como composições autorais, que incorporam o sabor musical soteropolitano. Com sua energia contagiante, conquistou públicos diversos e mantém a sua marca musical em ascensão, contribuindo para a preservação cultural, a diversidade musical e a identidade da região, enquanto oferece uma experiência autêntica e especializada para o público. Sua música é uma celebração da cultura latina e da herança africana na América Latina.
Cabokaji – Encontro músico-performático dos cantores, compositores e pesquisadores da arte Caboclo de Cobre, ISSA, Ejigbo e Mayale Pitanga, movidos pela necessidade de pautar a herança dos povos originários com um olhar de reparação social, patrimonial, histórica e ambiental. Por meio de uma produção musical contemporânea calcada em ritmos eletrônicos e um discurso baseado no “sorriso como ferramenta política e dança como processo de cura”, o trabalho tem o objetivo de libertar corpos e mentes. Exalta as belezas afro-indígenas e inspiradas no universo do candomblé caboclo, dance hall, piseiro ou pisadinha, groove arrastado, guitarradas, funk, brega funk, côco, rock, adornados com timbres de ritmos de manifestações nordestinas, como o baião, maracatu, toré, rojão, com enfoque na cultura soteropolitana e diálogo com as tecnologias eletrônicas. É um emaranhado de referências contemporâneas, muitas delas nascidas nas periferias dos grandes centros urbanos.
Gerônimo Santana – Completando 50 anos de carreira em 2023, Gerônimo Santana é um dos maiores ícones da cultura da Bahia e considerado chanceler da música baiana. É compositor de sucessos como “Eu sou negão”, “É D'oxum”, “Menino do Pelô” e “Jubiabá”, entre outros, sendo reconhecido por sua originalidade e mistura de ritmos como ijexá, samba, lambada, afoxé, reggae, axé, jazz, entre outros. O artista embala o público com um som único que mescla a música afro-baiana com ritmos latinos, numa harmonia inconfundível e contagiante. Estudou Composição e Regência na Universidade Federal da Bahia, mas nunca abriu mão da música popular, tornando-se um artista semierudito. Reverenciado por seus pares, ele é desses músicos guardiões da música brasileira de raiz feita na atualidade.
* Por Hilza Cordeiro. Foto: Divulgação.
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