Safadão, Tatá, Preta: famosos relatam crises de ansiedade e acendem alerta para saúde mental

É jornalista e escreve para o Alô Alô Bahia. Instagram: @hilzacordeiro. Quer sugerir uma pauta? hilza.cordeiro@aloalobahia.com

Por trás da fama, muitos artistas vivem desafios ocultos. Nos últimos meses, nomes como Wesley Safadão, Tatá Werneck, Preta Gil e Zé Felipe relataram ter passado por crises de ansiedade e colocaram em destaque o drama da saúde mental no Brasil — o país com a maior população ansiosa do mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS/ONU). O mal atinge de famosos a anônimos e é considerada 'a doença do século'.

Safadão anunciou, no domingo (3), que vai se afastar dos shows por orientação médica por tempo indeterminado. A assessoria de imprensa do cantor informou que o afastamento se deu em decorrência de crises de ansiedade muito fortes. Um dia antes do anúncio, num show em Natal (RN), o artista disse que estava a dois ou três dias sem dormir direito. 

No fim de agosto, Tatá Werneck precisou ser internada numa clínica, no Rio de Janeiro, após uma crise de ansiedade. Ela havia recebido diagnóstico positivo para covid-19 e ficou nervosa, com medo de transmitir a doença à filha. Enfrentando uma batalha contra um câncer de intestino e um duro fim de relacionamento, Preta Gil também foi parar no hospital após uma crise de ansiedade, em julho.

Em fevereiro, Zé Felipe teve uma crise em cima do palco, num show no Ceará. O artista travou e a esposa, a influenciadora digital Virgínia Fonseca, percebeu e tomou as rédeas com danças para distrair o público. Outras figuras como a atriz Mel Maia, as apresentadoras Giovanna Ewbank e Fernanda Paes Leme, o sertanejo Kauan, da dupla com Matheus, e a funkeira MC Mirella também relataram sofrer com ansiedade.

“Essas crises de ansiedade vêm de diferentes maneiras e no meu caso eu consigo enxergar que estou nessas crises quando eu estou em um pico de estresse do trabalho, eu perco o ar e tenho vontade de chorar compulsivamente”, desabafou Giovanna Ewbank na semana passada.
 
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Psiquiatra explica: fama e ansiedade

Para entender a ansiedade e a relação dela com a fama, convidamos a médica psiquiatra Erica Maia, gerente de saúde mental da Conexa, plataforma digital de saúde. A psiquiatra explica que pessoas que apresentam esse transtorno têm, basicamente, dois fatores de risco: predisposição genética e fatores ambientais, como traumas. Esses dois elementos formam o núcleo ansioso, que tem como base emoções como medo e preocupação.
 
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Erica Maia, psiquiatra

A crise de ansiedade se configura quando o corpo reage de maneira desproporcional a determinadas situações, apresentando muitos sintomas físicos como dor abdominal, falta de ar, dificuldade para dormir, alteração de apetite. No momento da crise, esses sintomas vêm como uma avalanche. O indivíduo congela, não consegue fazer nada e fica disfuncional.

"O cérebro humano é extremamente social. É o fundamento dele. Isso a gente pode traduzir por: A gente se preocupa com o que pensam de nós, com nossa reputação. Precisamos de pertencimento a grupos, de conexão. Então, por toda essa preocupação social, podemos inferir que, para quem é famoso, ela é aumentada, uma vez que entendemos que a fama é justamente o que as pessoas pensam de você, o quanto elas te valorizam", analisa Maia.

Pessoas em crise às vezes precisam de ajuda profissional para interromper a avalanche de sintomas, que pode ser feita via acolhimento e até medicamento com efeito calmante, uma vez que o organismo está em extremo estado de alerta. É indicado fazer acompanhamento combinado com psicólogos e psiquiatras para melhorar o manejo da ansiedade e aprender recursos para evitar novas crises.

Aumento de casos no mundo

Os casos de transtorno de ansiedade aumentaram em 25% no mundo inteiro só no primeiro ano da pandemia, conforme dados da OMS. As mulheres foram as mais afetadas. Lançado semana passada, o relatório 'Esgotadas', da ONG Think Olga, indica que 45% das mulheres brasileiras têm um diagnóstico de ansiedade, depressão ou outros transtornos mentais no contexto pós-pandemia de covid-19.

Apesar de o assunto ter chamado a atenção entre os famosos, ainda segundo a OMS, em todos os países, são as pessoas mais pobres e desfavorecidas que correm maior risco de problemas de saúde mental e que também são as menos propensas a receber serviços adequados.

Confira onde buscar ajuda:

Lar Harmonia: Oferece atendimento psicológico gratuito e voluntário às pessoas de baixa renda. Rua Deputado Paulo Jackson, nº 560, Piatã. Gratuito. 

Posto de atendimento do Centro de Valorização da Vida (CVV): Oferece apoio emocional. Funciona na Rua Luis Gama, n° 47, Nazaré, e atende nos telefones 3322-4111 ou no 3244-6936 por 24 horas.

Instituto Multidisciplinar de Assistência à Saúde do Centro Universitário Jorge Amado: Oferece apoio psicológico, no endereço Avenida Edgard Santos, Narandiba, Salvador. Telefone: (71) 3103-3900 ou 3206-8489. Segunda à sexta-feira, das 7h30 às 22h e, aos sábados, das 8h às 12h.

Clínica-escola da UFBA: oferece atendimento psicológico para adultos. Interessados devem ligar para a Instituição para marcar uma entrevista. O valor pelos atendimentos é definido totalmente de acordo com a possibilidade de pagamento de cada paciente, não havendo valor mínimo estipulado. Segundas às sextas-feiras, das 8:00 às 17:00 horas. Telefone: (71) 98522-8306 (Whatsapp). Endereço: PROAE, Rua Caetano Moura, nº 140, Federação

Fotos: Reprodução/Instagram e TV Globo.

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