23 May 2022
Rica em diversidade, capital baiana quer o protagonismo em ESG
O prefeito aproveitou a oportunidade para destacar a série de projetos que a administração municipal tem implementado na cidade, desde 2013, sobretudo na área social. “A gente investe 86% dos recursos municipais nessa área. Lançamos programas importantes como o Morar Melhor e o Primeiros Passos, trouxemos o Aluguel Social. Desenvolvemos parcerias com fundações sociais de empresas que estão aqui”, ressaltou.
Reis também acrescentou que, até o final desta década, cerca de US$ 30 trilhões deverão ser investidos em nível mundial em projetos de sustentabilidade. “Nós estamos tentando captar esses fundos, apresentando nossa cidade para o Brasil e o exterior com o objetivo de atrair esses investimentos. Este fórum vai ajudar a aprofundar ainda mais estes temas”, projetou o prefeito.
Afroempreendedorismo
"A minha casa é a Bahia/Mas o mundo é meu lugar/Eu posso até mudar o mundo/Mas não posso me mudar". Cantados à capela por Margareth Menezes para os convidados que presenciaram a abertura do fórum, os versos de “Voz Guia”, música de Roberto Mendes, ajudam a expressar alguns dos elementos que tornam a capital baiana e o estado como um todo tão especiais, dentre eles, a diversidade de seu povo.
Com mais de 35 anos de carreira, nascida e criada na Península Itapagipana, Margareth entende como poucos a importância das questões socioeconômicas para a geração de emprego e renda aos que mais precisam. Em 2004, a cantora e ativista criou a Fábrica Cultural, organização social que tem a educação, cultura e sustentabilidade como eixos estratégicos.
“Hoje, eu consigo enxergar melhor esse meu lugar de representatividade e fico na esperança de que o povo afro-brasileiro seja contemplado pelo legado que ficará. Este fórum, que conta com investidores, tem o poder de fazer a diferença para as pessoas que mais precisam. Tenho a esperança de que a gente consiga construir esta ponte”, afirmou Margareth.
Recentemente, a Fábrica Cultural lançou o Acelera Iaô, programa de afroempreendedorismo que fomenta o trabalho de empreendimentos negros baianos por meio do apoio, da qualificação e da aceleração dos negócios criativos. A iniciativa visa o fortalecimento de 1.500 microempreendedores.
Por que o ESG se tornou tão relevante?
Na opinião do sócio-diretor da Ernst & Young (EY) para a área de Sustentabilidade, Leonardo Dutra, que participou da abertura do fórum, o foco no “S” de social ajuda a explicar a atenção que o tema tem conquistado nos últimos anos. Para o especialista, um dos palestrantes da noite de abertura do I Fórum ESG Salvador, as boas práticas ambientais, sociais e de governança são o caminho para tornar o capitalismo mais inclusivo.
“Muita gente gosta de ver o ESG como se fosse um cardápio de três páginas separadas, mas eu prefiro vê-lo como algo integrado. Toda a prosperidade econômica está associada à preservação ambiental e prosperidade social. Exigir do planeta mais do que ele pode dar é insustentável”, observou Dutra.
Para o diretor da EY, se por um lado há um capitalismo que gera renda, de outro, há um capitalismo que distribui mal esta renda. “É uma conta que vem e precisa ser paga, por isso a necessidade de se repensar o sistema. Hoje a gente tem uma convergência de olhares para as questões de ESG como nunca vimos antes. Nunca vi um momento tão propício como o atual para adotarmos as ações que precisamos”, ressaltou.
Em sua apresentação, Dutra mencionou um estudo recente da EY que demonstrou que 87% das pessoas entrevistadas consideram os stakeholders (partes interessadas) das organizações mais importantes do que os acionistas. “Estamos em uma rota sem volta, e quem não entender que este caminho é o ESG vai ficar fora do jogo nas próximas décadas”, sentenciou.
Soluções 'ganha-ganha-ganha'
Presente na Bahia desde 1967, a Ambev já investiu mais de R$ 500 milhões no estado somente nos últimos cinco anos. No que diz respeito às políticas e práticas ESG, o diretor de Sustentabilidade para América do Sul, Caio Ramos - segundo palestrante da noite de abertura do fórum - destaca que a companhia tem buscado soluções "ganha-ganha-ganha", em que se beneficiam a empresa, os ecossistemas e as pessoas.
“O maior aprendizado da nossa jornada ESG é no relacionamento com as partes interessadas. Até porque, no final, estamos falando de pessoas que estão sendo impactadas, seja na gestão de água ou de energia das nossas operações”, afirmou Ramos. O executivo citou projetos como o Água AMA, que reverte 100% dos lucros para levar o recurso a famílias que não têm, e que na Bahia já atendeu às cidades de Canudos, Iraquara, Novo Horizonte, Paratinga e Seabra.
De acordo com o executivo da Ambev, uma das metas da companhia é que a cervejaria de Camaçari seja carbono neutro em 2025 e net zero (eliminar as emissões diretas e indiretas de gases do efeito estufa de sua cadeia de valor) até 2030, o que está em consonância com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 13 (ODS 13) das Nações Unidas. Ramos também lembrou que Salvador foi a primeira cidade do Nordeste a receber a frota de caminhões elétricos da empresa.
Outra iniciativa ligada ao ESG trazida pelo executivo é a Eco Score, uma metodologia criada pela Ambev em 2020 que ajuda a calcular o índice de impacto de suas embalagens. “Toda a inovação da companhia precisa ter um Eco Score sustentável. Se não atingir os indicadores necessários, o produto não vai para o mercado”, assegura Caio Ramos.
Concorrida do início ao fim, a abertura do I Fórum ESG Salvador ainda contou, em seu encerramento, com uma noite de autógrafos do consultor, escritor e professor Augusto Cruz, autor do livro “Introdução ao ESG”.
Decoração e coquetel
A noite de abertura teve decoração conceitual assinada por Fernanda Brinço. A profissional tem se destacado no mercado local com a elaboração de cenografias para casamentos, aniversários e eventos corporativos. Já o coquetel ficou sob responsabilidade do chef Vini Figueira. “Estar presente no I Fórum ESG me deixou muito feliz e honrado. Saber que a Bahia trouxe um evento como este e que as empresas estão voltadas para proporcionar um ambiente melhor para todos faz com que tenhamos esperança em um futuro melhor”, comentou.
O I Fórum ESG Salvador é um projeto realizado pelo Jornal Correio e Alô Alô Bahia com o patrocínio da Acelen, Unipar, Yamana Gold, Bracell, BAMIN, Socializa e Suzano, apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador e Sebrae, apoio de Contermas, Battre, Termoverde, Terra Forte, Hela, Retec, Ciclik, Larco, Grupo LemosPassos, Fundação Norberto Odebrecht e Hiperideal, parceria de Vini Figueira Gastronomia, Fernanda Brinço Produção e Decoração, Uranus2, TD Produções, Vinking e Suporte Eventos.
Fotos: Roberto Abreu. Também estamos no Instagram (@sitealoalobahia), Twitter (@Aloalo_Bahia) e Google Notícias.