Regina Casé: “Eu tive a sorte com a Bahia de cara”

Alô Alô Bahia foi conferir, nesta quarta-feira (06), o Recital da Onça, no Espaço Cultural da Barroquinha. A montagem, com arte visual de Alberto Pitta, conta a história de uma mulher que recebeu um convite de Harvard para criar um formato “pop” para palestras sobre literatura brasileira voltada para estudantes estrangeiros. O monólogo é comandado pela atriz e apresentadora Regina Casé e a última apresentação será nesta quinta-feira (07), a partir das 19h.

Na trama, um dos destaques fica para o momento em que Regina lê uma parte do discurso que recitou quando recebeu o título de Cidadã Soteropolitana. Abaixo, ele na íntegra!
 
“Eu já tive sorte com a Bahia de cara. Muita sorte. Porque a primeira vez que eu vim pra cá, eu vim de navio. Eu cheguei na Bahia pelo mar porque o meu avô, Ademar Casé, ele era pernambucano e para chegar em Caruaru, a gente ia até o Recife de navio porque ele não andava de avião de jeito nenhum. Eu tinha 11, 12 anos e acabado de ler “Capitães de Areia” com aquela excitação, aquele desejo adolescente, imaginando o que era a Bahia. Quando eu cheguei e vi a cidade da Bahia, a cidade de Salvador, já do navio, eu imediatamente fiquei louca, apaixonada, como você fica por uma pessoa. Eu falei “Nossa, é muito mais do que eu podia imaginar”. Mesmo de longe dava pra ouvir, perceber o movimento no mercado ali. E a minha avó Graziela Casé era professora então ela queria me explicar tudo direitinho, não “aquela é a praça Castro Alves” mas Antônio Frederico de Castro Alves, escreveu Navio Negreiro e morreu com 24 anos”. Ela era muito católica, mariana. Então já do navio ela me mostrou a da Nossa Senhora da Conceição da Praia e quando a gente atracou ela tentou me mostrar as outras 364 igrejas. Você acha que é verdade ou caô? 365 igrejas? É caô, são 548… então com minha avó, eu praticamente só fui a igrejas. Entre uma e outra, eu falava “peraí, deixa eu ver aquilo ali, olha lá, nossa! O que é isso?!”. Eu lembro tudo, principalmente da minha sensação de pertencimento. Esse pertencimento, essa identidade, essa afinidade instantânea e absoluta eu sinto ainda cada vez que cruzo o bambuzal saindo do aeroporto. É igual, é como se eu tivesse 12 anos e chegando na Bahia pela primeira vez.
Cada vez que eu piso aqui, eu sinto tudo isso de novo”.
Foto: Reprodução. Siga o insta @sitealoalobahia

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