29 Sep 2023
Projeto de usina em praia de Fortaleza pode derrubar internet no Brasil; entenda
É que o governo do estado defende a obra de uma usina que vai converter água do mar em potável. Já as empresas telefônicas temem que a estrutura cause o rompimento dos cabos submarinos.
Fortaleza é a primeira cidade do Brasil a receber cabos de fibra ótica europeus, que garantem uma conexão rápida à internet. O motivo é a maior proximidade da capital cearense com a Europa, cerca de seis mil quilômetros. De Fortaleza, os cabos partem para o Rio de Janeiro e São Paulo.
Conforme a Anatel, esses cabos são responsáveis por 99% do tráfego de dados. "O Ceará, em especial a cidade de Fortaleza, é que garante a interconexão do Brasil com o resto do mundo", afirmou o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, na quarta-feira (27).
Se os cabos forem rompidos, conforme a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o país inteiro fica off-line ou com a internet bastante lenta. Para evitar o risco, a Anatel emitiu uma recomendação contrária à instalação do projeto da usina de dessalinização.
A medida parou o andamento do projeto. A estimativa agora é que a entrega da usina atrase em pelo menos seis meses. A previsão inicial era de que a usina teria as operações iniciadas em 2025.
A iniciativa da construção da usina de dessalinização é liderada pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece). Conforme o projeto, a usina deve ampliar em 12% a oferta de água na Grande Fortaleza.
Neuri Freitas, diretor-presidente da companhia, explicou que a distância entre cabos e outras infraestruturas foi ampliada de 40 para 500 metros, contornando a área do projeto da usina que pode danificar os cabos para evitar riscos.
“A nosso ver, isso está totalmente resolvido, não vamos trazer nenhum risco, buscamos a conciliação. A gente acha que não há esse risco já que no continente todos os cabos cruzam com alguma estrutura, como rede de gás, de energia e diversas outras estruturas”, afirmou.
Em nota, a companhia afirmou que fez alterações no projeto que custaram "na ordem de R$ 35 a 40 milhões"; como ele está elaborado atualmente, a usina "não apresenta nenhum risco ao funcionamento dos cabos submarinos localizados na Praia do Futuro".
Com as novas medidas, a Cagece espera que a Anatel revise a medida que travou o andamento do projeto.
Publicado por Hilza Cordeiro, com informações do G1 | Foto: EllaLink/Divulgação
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