29 Jun 2023
Por trás da queda populacional de Salvador: o que pode explicar o resultado do Censo 2022

"As cidades maiores têm questões urbanas como violência e problemas de mobilidade. Além disso, na pandemia, e por causa do home office, muita gente acabou preferindo ir para lugares menores", destaca Daniel Duque, economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.
Segundo ele, no entanto, esta não pode ser tida como a única explicação, já que este seria um movimento mais limitado, englobando trabalhadores mais qualificados. "O movimento está mais ligado à interiorização do crescimento econômico", reflete.
Cidades próximas, integrantes da Região Metropolitana de Salvador (RMS), realmente verificaram crescimento significativo em relação a 2010, como Lauro de Freitas (24,4%), Camaçari (23,3%) e Mata de São João (5,43%), apesar de outras, como Candeias (-11,33%) e Itaparica (-4,52%), notarem queda.
Segundo Mariana Viveiros, supervisora do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na Bahia, em entrevista ao jornal O Globo, essa diminuição populacional não chega a ser uma surpresa e vem sendo observada no Brasil e no mundo, também em função da redução contínua na taxa de natalidade, além da migração para cidades das regiões metropolitanas. "É uma tendência demográfica mundial", explica.
O doutor em Ciências Sociais Laumar Neves, em conversa com o diário carioca, reforça a tese da migração para a RMS, reforçando que as grandes oportunidades não estão mais restritas aos grandes centros urbanos. "A implementação de políticas públicas nas cidades do interior, como a construção de universidades e medidas de incentivo à iniciativa privada, atrai investimentos e pessoas", destaca, em entrevista ao repórter Gilvan Santos.
População brasileira
Apesar de ter crescido em 12 milhões de pessoas em relação a 2010, a população brasileira apresentou a menor taxa de crescimento já registrada desde o primeiro Censo, em 1872, de 0,52% ao ano. A surpresa, no caso de cidades como Salvador, segundo o IBGE, se deu principalmente em função da ausência de uma contagem no meio desse intervalo de 12 anos, que teria apresentado gradativamente a tendência.
O que muda?
Com a queda no número de habitantes, a maior preocupação das prefeituras sãs as cotas do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), calculadas com base no Censo. O repasse do governo federal a estados e municípios leva em conta a faixa populacional, logo, no caso de Salvador, que apresenta 257 mil moradores a menos do que em 2010, o montante de recursos pode ser afetado.
* Por José Mion, com informações de O Globo e O Estado de S. Paulo. Foto: Carlos Santiago/@myphantomtoy.
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