Perfil no Instagram publica relatos de racismo e assédio em escola particular de Salvador

Com informações do Correio24Horas

Depois da acusação de omissão do colégio SEB Sartre em relação a mensagens racistas trocadas por alunos da instituição, um perfil no Instagram, nomeado como 'Jean Paul Arrependido', começou a divulgar relatos anônimos de alunos e ex-alunos que afirmam terem sido vítimas de racismo, homofobia e assédio dentro da escola por parte de colegas e até por funcionários.

Com a primeira publicação feita há uma semana, o perfil já reúne 98 posts. Procurado através das redes sociais pela reportagem, quem administra o 'Jean Paul Arrependido' afirmou ter recebido, via formulário, 180 relatos de abusos até esta quarta-feira (17).

Entre os relatos publicados, há casos de misoginia, como o de um professor que teria comparado uma invasão ao ato de tirar a virgindade de uma mulher. “Um professor foi misógino na sala, comparando a invasão da Polônia com a ‘desvirgindade’ de uma garota em detalhes sórdidos”, diz o relato, que afirma também que a coordenação foi acionada e falou com o professor, que humilhou uma das meninas que o tinha denunciado. 

Em outra denúncia, uma aluna lembra atitudes racistas vindas de um professor e também de colegas. “Quando coloquei tranças box braids, ele puxou o meu cabelo e perguntou se tinha colocado para meu namorado puxar. [...] Alguns alunos se juntaram para me perturbar com mensagens racistas e sexistas no meu Whatsapp. Mostrei para a coordenação, eles disseram que iriam resolver e deu em nada”, escreve em outra publicação.
 


A página publicou também o seu primeiro relato identificado, assinado por Rebeca de Jesus Reis, que estudou no Sartre de 2008 até 2014. Nele, ela fala sobre os anos na instituição que foram "de longe, os piores" de sua vida. "Além de omissão, esse colégio nunca teve políticas antirracistas contundentes, ao contrário, historicamente, fomentou a reafirmação e reprodução de padrões sociais [...]", diz Rebeca em relato.
 
Mais denúncias em relação aos mesmos crimes e também por constrangimento de bolsistas foram divulgadas na página. Outros posts criticam a omissão da coordenação da escola em relação aos casos dos quais era avisada. A reportagem procurou o SEB Sartre, que afirmou ver com preocupação a criação do perfil e que está disposto a receber qualquer denúncia, apurá-la e tomar as providências cabíveis.

Veja nota do SEB Sartre na íntegra: 

“O Sartre - Escola SEB acompanha com preocupação a criação de um perfil anônimo em rede social, em que são descritas supostas situações vivenciadas no ambiente escolar.

O Sartre - Escola SEB é uma instituição de ensino comprometida com uma educação humanística, inclusiva, pautada na diversidade e reconhecida há mais de 50 anos como referência em nossa cidade e repudia veementemente ações racistas, desrespeitosas ou por discriminação por orientação religiosa ou sexual a seus alunos ou a qualquer outro membro da comunidade escolar.

A direção da escola reforça que está aberta a receber qualquer denúncia e compromete-se a apurar os fatos e tomar as medidas necessárias."


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