4 Jan 2024

Parque das Ruínas: projeto do VLT prevê criação de novo espaço utilizando local histórico no Subúrbio

Matheus Simoni

Matheus Simoni é jornalista, repórter e escreve para o Alô Alô Bahia | @teusimoni

O Governo do Estado apresentou, no fim do ano passado, o novo projeto de implementação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que vai ligar diversas regiões do Subúrbio Ferroviário, indo de Ilha de São João, em Simões Filho, até o bairro da Calçada, em Salvador. Segundo estimativa da gestão estadual, a previsão é de que o modal tenha 16 km de extensão e que as obras se iniciem ainda em 2024. Um dos objetivos do projeto do VLT é a reforma e utilização de um espaço com grande valor histórico para a cidade.

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Localizada no bairro de Plataforma, a antiga Fábrica São Brás seria totalmente reformulada, passando a se chamar Parque das Ruínas. A medida visa o surgimento de um complexo de atividades comerciais de Salvador, aproveitando a vocação da região para consolidar e desenvolver o parque. De acordo com o projeto, o terminal poderá ser ampliado e revitalizado para receber outras embarcações, que poderão incrementar ainda mais essa região.

Veja como deve ficar:
 

Local histórico

A fábrica está situada no bairro de Plataforma, voltada para a Baía de Todos os Santos, próxima à Enseada do Cabrito, nos limites do Parque Metropolitano de Pirajá. A Fábrica São Brás encontra-se desativada desde 1959. A importância do sítio em que está localizada a fábrica vem desde a época da colonização. 

Nesse local, existiu a tapera do chefe Mirangaoba, senhor da aldeia de São João, que no início da colonização, foi transformada no primeiro aldeamento indígena, promovido pelos jesuítas no Brasil. A Fábrica São Brás foi construída sobre o local onde existiu um engenho de açúcar, provavelmente o Engenho São João. Neste engenho, o Padre Antônio Vieira proferiu sermão dirigido à Irmandade dos Pretos de Nossa Senhora do Rosário. Além disso, o território onde se encontra a fábrica assistiu às invasões holandesas no século XVII, e às investidas dos portugueses nas batalhas pela independência da Bahia.

A Fábrica São Brás pertenceu à CIA Progresso e União Fabril, de propriedade do senhor Bernardo Martins Catharino desde 1932 e tinha seu escritório localizado à Avenida Estados Unido, no Edifício União (IPAC).

Ponto para receber comércio e turistas

De acordo com o governo, o objetivo do Parque das Ruínas é atrair um público local e turistas de todos os lugares. O equipamento proposto oferecerá um espaço para atividades comerciais da região.
 

A área será acessada por terra pelo futuro VLT e pela Avenida Afrânio Peixoto, que é a via principal de acesso para a região, e pelo mar, através do terminal hidroviário, ligando ao Bairro da Ribeira, além de ser passagem para várias embarcações de turismo que ligam vários pontos e ilhas na Baia de Todos os Santos.

Inspiração no Rio de Janeiro

O nome "Parque das Ruínas" já é conhecido no Rio de Janeiro por conta de um espaço localizado na região de Santa Tereza. O Centro Cultural Parque Glória Maria (antigo Parque das Ruínas) foi a casa da grande mecenas da Belle Époque carioca, Laurinda Santos Lobo. Conhecida como a “marechala da elegância”, Laurinda reunia intelectuais e artistas nas dependências do palacete, que hoje é um dos reconhecidos projetos premiados do arquiteto Ernani Freire e casa de trabalhos experimentais de artes plásticas.
 

Recentemente, o nome do Centro Cultural foi alterado para homenagear a renomada jornalista (falecida em 2023), conhecida por reportagens marcantes e entrevistas com celebridades como Michael Jackson, Madonna, Harrison Ford, Nicole Kidman e Leonardo Di Caprio. Ela também cobriu a Guerra das Malvinas em 1982, os Jogos Olímpicos de Atlanta em 1996 e a Copa do Mundo da França em 1998.

* Fotos: Divulgação/Governo da Bahia  // Riotur

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