18 Aug 2020
Opinião, por João Gomes: “Foram Anos Dourados”
Esse ano de 2020 a Bahia tem sido abalada não só pelos efeitos diretos como colaterais da pandemia como o desemprego, empobrecimento acelerado mas também por perdas estelares de ícones que tem partido, encerrando suas jornadas. Ano que perdemos Riachão, Moraes Moreira, Jorge Portugal, Professor Jaime Sodré e tantos outros ilustres e desconhecidos igualmente amados por seus amigos e familiares.
E nessa narrativa a história ainda não terminou. Com muita expectativa e orações o povo da Bahia acompanhou, desde o primeiro momento com muita preocupação, a notícia de que Dr Elsimar Coutinho havia testado positivo para a Covid19. Foram dias e dias de informações sobre seu quadro clínico e agravamento, com transferência para São Paulo. Até que ontem a triste notícia chegou.
Lendo sua biografia descubro que Dr Elsimar tinha um avô que já descobria formas de tratamento e cura de algumas patologias através das plantas. Seu pai médico, seguiu o caminho na farmacologia o inspirando a seguir na missão do conhecimento e do prestar serviços pela saúde. Certamente podemos dizer que sua ancestralidade lhe deu régua e compasso. Estudioso e disciplinado, foi na Universidade Federal da Bahia que concluiu duas formações acadêmicas na área médica e daí Paris e New York já seriam caminhos naturais para um conhecimento que serviria ao mundo.
Médico, cientista, conferencista, professor, pesquisador esses atributos foram laureados mundo a fora. O médico baiano Elsimar Coutinho despertava respeito e admiração.
Nos anos 80, ao fundar o Ceparh, da um enorme passo para atender a uma imensa demanda na área da saúde feminina e reprodução, possibilitando o atendimento gratuito e de qualidade à população carente.
Tenho uma irmã que tinha endometriose e mensalmente vivia os horrores das dores e de hemorragias com o risco de não poder engravidar. E foi pelas mãos de Dr Elsimar que veio a cura e posteriormente a dádiva da gravidez.
O trabalho no Ceparh era sempre crescente. Assim surgiu a ideia da festa Baile Anos Dourados, com a querida Tereza, esposa de Dr Elsimar e uma pessoa maravilhosa. Tive a oportunidade de firmar apoio pela Rede Bahia em todas as edições do evento que buscava apoio para manter a assistência social gratuita.
Foi no ano de 2010 que tive uma experiência profissional diferente. Passei a trabalhar em São Paulo, morando aqui e lá. Qual não foi minha surpresa logo no meu primeiro voo encontro Dr Elsimar e o cumprimento no avião. Ele atendia também em São Paulo. Aos 80 anos aquele homem não parava. E passei a morar num flat no Itaim Bibi coincidentemente onde Dr Elsimar ficava hospedado nos dias que atendia em São Paulo. À distância, no café da manhã, eu o observava todo arrumado, já discutindo sua agenda, ações e olhar no relógio para não se atrasar. Um exemplo inesquecível.
Dr Elsimar foi um homem que viveu para servir. Para a ciência e para a humanidade. Sua jornada é uma referência e uma inspiração. É uma ode à ciência para mostrar a todos que se sem recursos ele conseguiu tanto imaginemos o quanto não pode o nosso país se a ciência for levada a sério.
Homens, mulheres, pais, mães, filhos, avôs e avós são muito gratos a Dr Elsimar. Várias crianças vieram ao mundo por terem se beneficiado dos tratamentos com base nos seus estudos e medicações. Quantas dores foram saneadas, pessoas curadas e que formaram suas famílias.
No mês que celebramos Santa Dulce e Mãe Menininha do Gantois o Dr Elsimar partiu. Nos deixou conhecimentos, referências e uma saudade enorme. Sua querida Tereza, aqui com os filhos e netos, seguindo com o amor de todos. Foram muitos Anos Dourados com sua presença. Agora brilha na constelação e assiste, com certeza, muitos jovens que estão no caminho do bem servir e lerão sua biografia e se inspirarão em sua bela jornada.
Por João Gomes – Executivo, baiano, amigo leal ex-diretor da TV Bahia, empresa onde esteve durante os últimos 19 anos.
Foto: @institutomariocravoneto. Siga o insta @sitealoalobahia.
