Oito em cada dez espécies de raias e tubarões vendidos no Brasil estão ameaçadas de extinção

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O uso de ferramentas de DNA identificou que 64 das 203 espécies de tubarões e raias presentes no Brasil estão circulando no comércio nacional. Destas 64 espécies, 83% estão ameaçadas de extinção. Os dados foram publicados nesta segunda (18) na revista científica “Biological Conservation” por pesquisadores de instituições brasileiras, como a Universidades Federais do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Ceará (UFC), e estrangeiras, como a Universidade do Porto, de Portugal.

A pesquisadora Marcela Alvarenga, uma das autoras do artigo, explica que, diante do crescente consumo global das carnes de tubarão, a identificação molecular através do DNA ajuda a avaliar a pressão sobre as espécies ameaçadas. 

“O modo de venda tradicional de peixes, em filés ou postas, dificulta o conhecimento de qual espécie exatamente estamos consumindo. Esta situação é agravada pelo rótulo abrangente cação, que engloba todas as espécies de tubarões e até raias. A identificação molecular – utilizando DNA – é uma grande aliada para verificar a autenticidade dos peixes que nós consumimos”, aponta.

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A pesquisa analisou os dados de detecção molecular para espécies de 36 tubarões e 28 raias comercializadas no Brasil disponíveis em 35 artigos publicados entre 2008 e 2023. A equipe avaliou as técnicas estabelecidas de análise de DNA e as novas metodologias desenvolvidas para a detecção rápida das espécies pescadas.

A maioria das pesquisas está concentrada nos estados do Pará, de São Paulo e de Santa Catarina, e há escassez de estudos provenientes de estados da região Nordeste.

As espécies comercializadas em maior número foram aquelas reclassificadas recentemente pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) para categoria de ameaça mais alta. Para os pesquisadores, o resultado confirma a necessidade urgente de adotar medidas de conservação diante do crescente comércio de espécies em perigo de extinção.

O trabalho revelou desafios na identificação molecular, incluindo recursos limitados e distribuídos equitativamente ao longo da costa brasileira, além de lacunas nos bancos de dados moleculares para espécies do litoral brasileiro. Pesquisas futuras devem contribuir para o acúmulo de dados genéticos especialmente das raias, que são menos estudadas do que os tubarões.

O artigo alerta para a necessidade de legislações mais robustas para aprimorar o manejo e a rotulagem dos pescados, por exemplo. O monitoramento rigoroso das atividades de pesca e de comercialização, além da colaboração entre governo, pesquisadores e partes interessadas, também são defendidos pelos cientistas para contribuir na proteção dos tubarões e raias no Brasil.

Publicado por Hilza Cordeiro, com informações da Agência Bori. Foto: Divulgação
 

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