No JN, Bolsonaro se defende de críticas e fala em ‘condições’ para aceitar eventual derrota nas urnas

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Candidato à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi o primeiro candidato a ocupar o Palácio do Planalto em 2023 a conceder a já tradicional entrevista pré-eleitoral para o programa Jornal Nacional, da TV Globo. Assim como em 2018, ele foi entrevistado pelos apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos. O bate-papo ocorreu ao vivo, nos Estúdios Globo, na noite desta segunda-feira (22).

A entrevista, de 40 minutos, teve momentos de tensão, e já começou com Bonner questionando Bolsonaro sobre as intenções de xingar ministros do STF e questionar a segurança das urnas eletrônicas. O apresentador também quis saber se ele tinha pretensão de dar um autogolpe. O líder nacional negou os ataques, admitindo o xingamento a apenas um ministro, chamado de “canalha”, e se comprometeu em aceitar o resultado das eleições, porém impondo condições para que isso ocorra. “Seja qual for (o resultado, aceitará). Eleições limpas devem e têm que ser respeitadas”.  Pandemia
Ao falar do enfrentamento à pandemia de Covid-19, os apresentadores lembraram das vezes em que o presidente imitou pessoas doentes, com falta de ar, e da frase “e daí, eu não sou coveiro”. Também questionaram o uso de dinheiro público para comprar medicamentos ineficazes no combate à crise sanitária, além de terem citado o atraso na compra de imunizantes, e o desestímulo à vacinação. 

O presidente se defendeu afirmando que seu governo comprou mais de 500 milhões de doses de vacina. “Só não se vacinou quem não quis. (...) Vacina comprada por mim e em tempo bem mais rápido que outros países, porque você não tinha no mercado”, declarou. Ele ainda culpou laboratórios como a Pfizer pela menor celeridade na compra dos imunizantes.
 
Bolsonaro criticou a imprensa que, segundo ele, desautorizou os médicos da “liberdade de medicar”, quando quiseram oferecer o chamado “tratamento precoce” (também sem comprovação científica de sua eficácia), e afirmou que o lockdown foi um erro, pois, segundo ele, a contaminação se deu mais dentro de casa que nas ruas - o que também vai de encontro à grande maioria dos infectologistas. Ainda de acordo com o presidente, não faltaram recursos para que os governos cuidassem do enfrentamento à crise, e lembrou da concessão do Auxílio Emergencial à população mais carente. 

Economia
Bonner e Renata lembraram dos problemas na área econômica, ponderando o cenário da pandemia e da guerra na Ucrânia, e quiseram saber o que ele fará, caso seja reeleito, para cumprir as promessas feitas em 2018. “As promessas foram frustradas pela pandemia, por uma seca enorme que tivemos ano passado e também pelo conflito da Ucrânia com a Rússia. Se você pegar os dados de hoje, você vê o Brasil como o único país do mundo com deflação. (...) Você vê também que a taxa de desemprego tem caído no Brasil. Os números da economia são fantásticos, levando em consideração o resto do mundo”, afirmou Bolsonaro, que também citou as gestões junto ao governo da Rússia para resolver o problema dos fertilizantes e garantir a safra do segundo semestre. “Isso garantiu a segurança alimentar do nosso Brasil e do mundo”, disse.

Meio Ambiente
Renata destacou que a taxa anual de desmatamento da Amazônia deu um salto, sob Bolsonaro, e é a maior em 15 anos, e quis saber se ele continuaria com a política de desregulamentação do setor, citando o desmonte do Ibama como um incentivo ao garimpo ilegal. 

Bolsonaro disse que houve abusos do Ibama, ao defender a não destruição de maquinário apreendido em área de desmatamento ilegal, e falou do tamanho da Amazônia como um dificultador da fiscalização. O presidente negou a pecha de “destruidor de florestas”, citado por órgãos internacionais. “É uma mentira. Ninguém quer destruir floresta por livre e espontânea vontade”, comentou ele, ao afirmar que seu governo buscou destravar acordos, como o do Mercosul com a União Europeia. Mencionou ainda que o Brasil passará a ser a grande potência do hidrogênio verde: “Temos o equivalente a 50 Itaipus na costa do Nordeste. E nós vamos importar esse hidrogênio verde para a Europa toda. Ou seja, o Brasil é um exemplo para o mundo”, afirmou.

Centrão
Bonner lembrou do episódio em que o general Augusto Heleno, aliado de Bolsonaro, associou os parlamentares do Centrão a ladrões, e destacou que a situação mudou, com o Centrão hoje sendo base do governo. Bolsonaro reagiu dizendo que o apresentador o estava “estimulando a ser ditador”. Essa fala foi justificada dizendo que é preciso conversar com a ala majoritária para conseguir aprovar os projetos de lei. “Os partidos de Centro fazem grande parte da base do governo para que nós possamos avançar em reformas”, citou.

Educação e corrupção
Bolsonaro falou que seu governo não teve corrupção, mas os apresentadores lembraram que o presidente admitiu - após a queda do ministro Milton Ribeiro, por um escândalo de corrupção envolvendo favorecimento a pastores -, que os casos de corrupção “pipocam” em seu governo. O líder nacional discordou que a prisão do ministro tenha sido um escândalo, e disse que alguns dos seus escolhidos para o posto de ministro da Educação - foram cinco desde o início do governo - às vezes não dão certo porque algumas pessoas “não levam jeito para aquilo”. Bolsonaro também negou interferência na Polícia Federal. 

“Peguei o Brasil numa situação crítica na questão ética, moral e econômica. Começamos a trabalhar, fizemos muitas reformas em 2019. Infelizmente tivemos a Covid, depois a guerra, uma seca enorme, e nós fizemos tudo o possível para que a população brasileira sofresse o menos possível”, disse Bolsonaro nas considerações finais, mencionando ainda o que ele chamou de “pacificação do MST”, com titulações de terras, o Auxílio Brasil, a retomada da transposição do Rio São Francisco, a criação do Pix que, segundo ele, tirou dinheiro de banqueiros, e a anistia de estudantes que deviam ao Fies.

Série de entrevistas
O próximo entrevistado no programa será Ciro Gomes (PDT), nessa terça (23); Lula participa do programa na quinta (25), e Simone Tebet (MDB) na sexta (26).

Foram convidados os cinco candidatos mais bem colocados na pesquisa divulgada pelo Datafolha em 28 de julho: Lula, Bolsonaro, Ciro, Tebet e André Janones (Avante), que depois retirou a candidatura e decidiu apoiar o petista.

Um sorteio realizado em 1º de agosto com representantes dos partidos definiu as datas e a ordem das entrevistas.

Fotos: Reprodução/TV Globo. Também estamos no Instagram (@sitealoalobahia), Twitter (@aloalo_bahia) e Google Notícias.

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