26 Jul 2023
No Dia dos Avós, conheça netos que levam aprendizados para a vida e para os negócios

"Quem não sabe fazer, não sabe mandar", dizia, com sabedoria, Dona Maria Luisa, mulher observadora e grande cozinheira, que inspirou muito a história do Cerimonial Vera Lima, há 28 anos no ramo de Buffet e Decoração de Salvador.
"Minha avó prestava muita atenção nas habilidades das pessoas da equipe e sabia extrair o melhor de cada uma. Via quem tinha mais aptidão para preparar doces ou salgados… e eu aprendi isso com ela", lembra a empresária e advogada Paula Lima, sua neta, hoje também à frente do negócio com a mãe.
Dona Maria Luisa segue inspirando a neta, a empresária e advogada Paula Lima
A matriarca, que viveu até os 102 anos, deixou um legado na empresa e na vida de quem a conheceu. Pratos de sucesso até hoje no buffet, como a Casquinha de Siri e o Ensopado de Aratu, são receitas suas. Inclusive, muitos insumos ainda são comprados na vila de Pontal, próxima a Mangue Seco, onde Dona Maria Luisa tinha parentes e passava as férias.
As lembranças são muitas e algumas são fisicamente presentes ainda no dia a dia da neta, que mantém na sede do cerimonial um divã onde ela descansava depois de trabalhar, esperando a filha para poder ir para casa, onde não gostava de ficar sozinha.
Assim como Maria Luisa, Dona Liana (na foto principal), fundadora do restaurante Di Liana, há 42 anos, não deixou o tempo afastá-la dos negócios da família, apesar do menor envolvimento. Hoje, o negócio cresceu e está sob comando dos netos da simpática senhora de 94 anos, Lara e Guido Allegro.
"Ela nos inspira diariamente. Graças a Deus, ela está 100% lúcida e nos ajuda muito. Até hoje dividimos com ela qualquer alteração de cardápio, de insumo ou de processo produtivo e pedimos seus conselhos em quase todos os âmbitos. A experiência de vida que ela tem como gestora, como mulher e como chef de cozinha são impagáveis", revela Lara.
A empresária segue as lições da avó no dia a dia e, não à toa, mantém o tradicional restaurante moderno e atualizado. "A maior das lições é prezar pelo padrão de qualidade acima de tudo. Outro aprendizado é sobre sermos 'firmes', ouvir e flexibilizar quando pudermos, mas dar limites sempre que precisar", explica a neta, feliz com o que tem construído com o legado da avó.
"Ela tem muito orgulho da gente. É um alívio pra ela ver que alguém da família pegou a 'veia' dela e seguiu com seu nome", diz.
O mesmo orgulho devem sentir Belmiro e Anisia, ou Miro e Zizi (na foto acima), para os mais próximos que conviveram com eles na Ribeiro Padaria Artesanal, no Rio Vermelho. O estabelecimento, que funciona como padaria há 36 anos e, como restaurante, há mais de 50, tem entre os gestores hoje em dia o neto do casal, o empresário e designer de moda Jefferson Ribeiro.
"Eles migraram do Recôncavo para Salvador e, por suas 'prendas', minha avó foi incentivada a colocar um restaurante e meu avô, uma mercearia. Só em começar a falar, já sinto vontade de um café com um pão fresquinho. Tem memórias que são carregadas de afetos, né?", questiona Jefferson, que aprendeu muito com o avô, uma "referência em economia", como ele destaca, sábio negociador e bom fazedor de acordos comerciais.
Da avó, as lembranças são muitas também. "Ela me ensinou a comer, eu era uma criança muito 'ruim de boca', como se falava. E ela, pelo primor de sua cozinha, suas técnicas e amor pelo ofício, pacientemente, foi introduzindo a alimentação e conduzindo a minha percepção das comidas", relembra o também estilista, que diz ter aprendido com ela também a noção de elegância que levou para seu trabalho na moda, inspirado pelas roupas de linho puro de Zizi.
Mais do que lembranças, os sabores dos avós estão até hoje na padaria, que foi reformada em 2011 e teve pratos tradicionais da família resgatados para o cardápio. O Picadinho de Carne, cozido lentamente, por exemplo, era sucesso em sua cozinha e foi apelidado em sua homenagem.
Falando em homenagem, uma das mais conhecidas da confeitaria baiana é a Carmelita, um delicioso Brigadeiro de Chocolate ao Leite no formato de uma flor em base de Sequilho Amanteigado. A inspiração foi Dona Nívea Carmel, avó de Priscilla Diniz, que chegou a patentear a criação. "Ela adorava flores, cultivava muitas rosas e o formato do doce foi uma homenagem a ela", conta a empresária.
"Desde cedo, percebi a força da mulher que era minha avó, o amor aos filhos e a doçura com os netos. Sobretudo, o que mais me marcou foi a sua coragem diante das adversidades da vida", relembra Diniz, que se inspirou na avó para outras receitas da marca, como o Pudim de Leite, daqueles "sem furinhos".
De Dona Carmelita, Priscilla guarda diversos aprendizados, principalmente a alegria quando prepara algo na cozinha. "Ela me transmitiu essa herança, esse legado: 'cozinhe com amor e por amor, e você vai conseguir levar felicidade às pessoas'".
Fotos: Divulgação e Acervo Pessoal.
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