'Mosca maldita' ameaça frutas no Brasil e é uma das mais perigosas do mundo

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A mosca-da-carambola (Bactrocera carambolae) fez o Ministério da Agricultura do Brasil declarar estado de emergência fitossanitária nos estados de Amapá, Amazonas, Pará e Roraima. O inseto é considerado uma das pragas de fruta mais perigosas do mundo.

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O "título" lhe foi atribuído porque a mosca se reproduz mais rápido que outras espécies de moscas de frutas. Num mesmo fruto, a mosca-da-carambola consegue botar 48 ovos, enquanto a mosca-da-goiaba, por exemplo, coloca no máximo dois (o desenho abaixo mostra a potência dela em detalhes).

Além disso, o inseto não ataca só a carambola e tem mais de 20 hospedeiros no Brasil, como manga, goiaba, acerola, tangerina, caju, pitanga, laranja, além de frutos amazônicos, como taperebá, biribá, ajuru, abiu.

Apresar de não ser nativa do Brasil, não existem inimigos naturais que controlem a sua população, como disse a chefe de pesquisa da Embrapa Amapá, Cristiane Ramos de Jesus, ao g1. Por isso, a mosca-da-carambola gera perdas em plantações, prejudicando a renda de agricultores, exportações de frutas e a alimentação de comunidades.
 
  • Mas ela causa risco para humanos? 
"Não há, até o momento, evidência de que a mosca possa ser portadora de algum microrganismo capaz de causar doença ao homem", disse a médica infectologista Flor Espinosa, pesquisadora da Fiocruz Amazônia, em conversa com o g1. 
 
  • Por que estado de emergência?
A mosca-da-carambola está no Brasil desde 1996, mas a sua captura aumentou nos últimos meses no Pará e em Roraima. Se ela se espalhar para o Vale do São Francisco, por exemplo — que é o principal polo de exportação de frutas no Brasil –, as vendas do país podem ser bloqueadas.

Foi por isso que o governo declarou estado de emergência fitossanitária, um status que sempre é acionado quando há risco de surto ou epidemia de uma praga agrícola que entra no país ou que já existe no território. Na prática, com a declaração, a fiscalização tende a ser reforçada, diz o ministério.
 
  • Onde a mosca está agora? 
Neste momento, está restrita aos estados do Amapá, Pará e Roraima, mas o Amazonas foi incluído no estado de emergência por registros de focos numa região próxima à fronteira com o Pará, além do alto fluxo de viajantes e produtos vindos de Roraima.
 
  • Quem é a mosca-da-carambola
Ela é nativa da Indonésia, que fica no Sul da Ásia, e leva esse nome porque sua fruta preferida na região é justamente a carambola. Apesar disso, ela tem mais de 100 hospedeiros no local.

"No Brasil, a gente já registrou em torno de 26 hospedeiros e essa lista vai aumentando", diz a chefe de pesquisa da Embrapa Amapá, Cristiane Ramos de Jesus.

A mosca-da-carambola chegou à América do Sul pelo Suriname, em 1975, e os seus primeiros registros no Brasil foram em 1996, no Amapá. Hoje em dia, no continente, ela está no Norte do Brasil, Suriname, Guiana e Guiana Francesa.

Ela é um tipo de mosca-das-frutas, inseto que passa uma parte de sua vida (a fase de larva) dentro de frutos. Ao comerem os frutos por dentro, as larvas causam podridão. Além disso, reduzem o sabor e a qualidade da fruta, que acaba caindo antes do tempo.
 
  • O que acontece se uma pessoa comer a larva?
Até o momento, a ciência não encontrou evidências de que uma fruta contaminada com a mosca-da-carambola possa causar algum mal para humanos, diz a médica infectologista Flor Espinosa, pesquisadora da Fiocruz Amazônia.

"Em relação ao consumo da fruta contaminada com a larva, novamente, não há evidencia de transmissão de doença ao homem, restringindo o efeito a questões higiênicas", reforça.

"A mosca-da-carambola, como qualquer outro inseto, pode contaminar alimentos ao pousar em material contaminado, como lixo ou matéria fecal, e depois pousar em alimentos a serem ingeridos pelo homem. Trata-se de um evento que, embora possível, não representa risco de epidemias", acrescenta.
 
  • Detecção de focos e combate
O monitoramento da praga é feito por meio de armadilhas instaladas em pontos estratégicos do Brasil, como grandes centros de comercialização de frutas, explica a coordenadora-geral do Ministério.

A forma mais eficiente de captura das moscas é feita com o uso de feromônios (substância com funções de atração sexual). Neste tipo de armadilha, o produto é absolvido em pedaços de algodão, que são colocados dentro de estruturas triangulares revestidas de base adesiva.

As armadilhas são instaladas em galhos de árvores ou estruturas suspensas. A cada 15 dias, elas são inspecionadas pelas equipes, facilitando a detecção precoce de moscas-da-carambolas na região.

"As moscas ficam presas na armadilha, sabemos que tem um foco próximo e então a gente entra com outras ações (...) aplicação de inseticidas, recolhimento de frutas e todas as ações do protocolo de controle", afirma Graciane.

Já existem inseticidas contra a mosca-da-carambola, mas eles não estão disponíveis em larga escala para os comércios agrícolas. Por se tratar de uma praga quarentenária, o controle deve ser feito pelos órgãos oficiais.

O Ministério da Agricultura orienta que a identificação de frutas danificadas por larvas ou infestação de moscas em fruticulturas sejam comunicadas às agências de inspeção estaduais e federais.

As informações são do g1. 


* Publicado por N.R. Foto: Adilson Lopes Lima/Embrapa.

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