Morte do cientista baiano Elsimar Coutinho completa 1 ano

Com informações do Correio24Horas

Faz um ano, nesta terça-feira (17), que o médico baiano Elsimar Coutinho morreu vítima da Covid-19, aos 90 anos, mas as pesquisas do homem que era considerado uma autoridade mundial em anticoncepcionais femininos e na fabricação de implantes hormonais continuam gerando frutos.
 
As pesquisas do médico foram abraçadas por outros pesquisadores e no Laboratório Elmeco e nas Clínicas Elsimar Coutinho, uma rede de consultórios em Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, os estudos ajudaram no desenvolvimento de um novo elemento que vai ajudar na recuperação muscular de pacientes que passam muito tempo em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e vítimas de queimadura.
 
Depois da morte dele, o comitê de pesquisa foi reestruturado para dar continuidade aos estudos que eram desenvolvidos pelo médico. O primeiro resultado foi anunciado ontem e é um novo método de implantação de um hormônio que será usado na recuperação de pacientes. Quem explica é o ginecologista, professor do curso voltado para prescritores de implantes da Elmeco e o atual diretor das Clínicas Elsimar Coutinho, Luiz Carlos Calmon.

“A oxandrolona é um hormônio menos androgênico e mais anabólico, usado para ganhar massa muscular, mas desenvolvemos um estudo para usar essa medicação na recuperação de pacientes com sarcopenia, ou seja, pessoas que perderam muita massa muscular durante a internação. É comum que isso aconteça, por exemplo, com paciente que passam 60 dias ou mais na UTI”, contou.

O hormônio deveria ser comercializado no Brasil apenas em redes de manipulação, mas pode ser encontrado de forma clandestina e é consumido principalmente por atletas, de forma irresponsável e ilegal. A diretora do Elmeco, Patrícia Rudge, contou que o novo laboratório que será inaugurado no final de agosto vai desenvolver o produto que será aplicado pelos médicos nos pacientes. Ela destacou a importância de Elsimar Coutinho.

“Eu costumo brincar que Dr. Elsimar viveu muitas vidas em uma. Ele foi um cientista, um descobridor e um visionário. Foi um comunicador brilhante que sabia a importância do trabalho que ele desenvolvia e fazia questão de tornar isso o mais claro possível para a população. Ele fez inúmeras publicações, participou de vários congressos e ajudou a formar muitos médicos”, disse.

Legado

Os estudos do médico baiano permitiram o desenvolvimento da ciência em diversos campos, entre eles o planejamento familiar. As primeiras pesquisas sobre anticoncepcionais femininos surgiram na década de 1960, em um momento em que o conservadorismo era forte e foi considerada uma revolução para a época e um avanço para a ciência.

Elsimar Coutinho foi quem deu o pontapé inicial. Ele nasceu em Pojuca, na Região Metropolitana de Salvador, e seguiu carreira na medicina inspirado pelo pai. Estudou em Paris e Nova York, e, ao voltar para o Brasil, foi pioneiro no desenvolvimento de anticoncepcionais femininos e na fabricação de implantes hormonais.

As pesquisas, publicadas na década de 1960, fizeram parte do movimento que revolucionou os estudos sobre a sexualidade. Em abril do ano passado, às vésperas de completar 90 anos, Elsimar concedeu uma entrevista ao CORREIO. Bem-humorado, ele conversou sobre morte, aborto e menstruação, que classificou como “uma sangria inútil”. E foi categórico. “A menstruação é um fenômeno antinatural. Não estou exagerando, não. Acho que a menstruação é uma burrice. Burrice!”, afirmou.

Nos mais de 50 anos de carreira, Elsimar Coutinho publicou mais de 350 trabalhos científicos, a maioria em revistas médicas internacionais como Nature, Endocrinology, Fertility and Sterility, American Journal of Obstetrics and Gynecology e Contraception. Ele fundou o Centro de Pesquisa e Assistência em Reprodução Humana (Ceparh), e presidiu instituições internacionais como o South to South, um organismo internacional que reúne pesquisadores de países em desenvolvimento, localizados no Hemisfério Sul.

Sua obra sobre a menstruação, publicada em 1996, recebeu elogios de revistas médicas como Lancet, Journal of the American Medical Association (JAMA) e do British Medical Association cujo reviewer o classificou como obra prima.

Foto: Divulgação. Siga o insta @sitealoalobahia.
 
 

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