5 Jun 2023
'Meu instinto de sobrevivência me fez querer me separar', diz Preta Gil em entrevista
“A cada entrevista que dou, são como cinco sessões de terapia seguidas, de tão fundo que mergulho", diz a artista multifacetada, que diz passar pelo momento mais complicado da sua existência.
“Hoje, estou bem e, ainda assim, agora eu estou sentindo várias sequelas da radioterapia, que não são poucas, mas elas não me paralisam. Intelectualmente, estou funcionando muito bem”, disse à repórter Paola Deodoro.
“A morte é um assunto muito tabu, principalmente no Ocidente. Ninguém fala da morte. Mas eu tenho um pai que fala de uma forma natural sobre isso. Temos conversado bastante”, revelou a cantora, que diz ver "a morte de outro jeito" agora. “É uma realidade que a finitude pode chegar para mim mais rápido. Sempre tive muito medo de morrer, hoje não tenho mais", confidenciou.
“Meu instinto de sobrevivência me fez querer me separar. Não estava me fazendo bem. E é machista achar que preciso ficar casada para ser cuidada. Por que o marido é mais importante que a mãe, o pai, a irmã, o amigo? Isso é um traço do patriarcado”, pensa.
Sobre falar abertamente dos processos de tratamento, tornando ele uma questão pública, Preta diz não se intimidar, ainda mais depois de tantos preconceitos sofridos. “Sempre fui vidraça. Racismo, homofobia, todos esses preconceitos cansam, ferem. Mas, quando a vida está no limiar, é outro rolê. E não se trata de mim. Tem gente na fila do SUS esperando um exame de colonoscopia há um ano. E, então, morre”, desabafa.
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Fotos: Bruna Castanheira.
