Lírios! Morre, aos 94 anos, artista baiana Lygia Sampaio

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Única mulher a integrar movimento de renovação das artes na Bahia nas décadas de 1940 e 1950, Lygia Sampaio faleceu na manhã deste sábado (15), aos 94 anos, em sua residência em Salvador, ao lado da família. A artista atuou ao lado de outros grandes nomes, como Mario Cravo, Carybé, Rubem Valentim e Carlos Bastos, no movimento artístico que trouxe o experimentalismo estético definidor do modernismo nas artes visuais da cidade.
 
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Sua atitude vanguardista começou cedo, ainda aos 20 anos, quando entrou na Escola de Belas Artes, em 1948, desafiando padrões vigentes da sociedade e se aventurando em lugares considerados impróprios para uma moça daquela época. A artista é conhecida pela incursão na vida popular urbana de Salvador, visível em sua arte.

"No atelier da Barra, mostrávamos o que fazíamos, era um ambiente alegre e encorajador. Por vezes, saíamos juntos, conversando os nossos assuntos, passeávamos inocentemente pela cidade, do Rio Vermelho à Ribeira e Plataforma, buscando uma intimidade maior, visual e sensitiva, com a cidade que era a nossa fonte de motivos e de inspiração", relata Lygia em depoimento registrado em catálogo de exposição de 1981. 
 
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Em sua trajetória, a artista frequentou o ateliê de Mário Cravo e acompanhou o grupo de Rescala em pintura ao ar livre, participou do movimento renovador das Artes Plásticas baianas no fim da década de 1940 ao lado de Mario Cravo, Carybé, Rubem Valentim, Genaro de Carvalho, Jenner e Carlos Bastos. 

A artista esteve presente nos Salões Baianos de Belas Artes de 1949, 1950, 1951, 1954 e 1955, com menção honrosa em pintura (1951) e menção honrosa em desenho (1954 e 1955). Expôs também no Salão Nacional de Belas Artes em 1952, no Rio de Janeiro, onde estudou com Santa Rosa. Trabalhou por 30 anos no Arquivo da Prefeitura de Salvador e formou-se em Museologia pela Universidade Federal da Bahia em 1975. 
 
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Entre tantos feitos, implantou o Museu de Imprensa da Associação Bahiana de Imprensa (ABI) e integrou o livro "50 Anos de Arte na Bahia", panorama das artes plásticas produzidas desde 1945 e escrito pela crítica de arte e curadora Matilde Matos. Em 2014, promoveu sua última exposição, no Museu de Arte Sacra de Salvador. Em "Lygia Sampaio - 60 Anos de Pena e Pincel", apresentou trabalhos a óleo, aquarelas, desenhos a bico de pena e técnica mista, que datavam de 1949 a 2014.

"Os seus trabalhos eram tirados da vida que vivia, óleos cheios de emoção nos devolviam ruas, becos e gente, numa pintura carnuda e meiga, porque ela era - e é - meiga como as linhas e cores de seu trabalho", disse Carybé sobre a amiga, em 1984.

"Num grupo de cactus, ela era a única flor mulher, deste movimento. Suave e tímida, ao mesmo tempo corajosa para a época. Estas qualidades transparecem em sua pintura. Ela esconde uma força e um destino, que rompe barreiras e cria cultura para a sua terra", resumiu Carlos Bastos, no mesmo ano.

* Por José Mion. Fotos: Divulgação/Reprodução.

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