Guia de Jorge Amado será lançando este mês

Como parte das comemorações DO centenário de nascimento de Jorge Amado será lançado, em agosto, Bahia de Todos-os-Santos – Guia de ruas e mistérios de Salvador. Como diz o título, será um guia sobre a capital baiana, 26 anos depois de sua primeira edição.

 O livro ganhou revisões em 1960, 1966, nos anos 1970 e em 1986, em adaptações feitas pelo próprio escritor. Em 1945, ele descreveu a cidade de 300 mil habitantes como “provinciana, descansada, tranquila, doce, bela e única” e, 21 anos depois, com quase 2 milhões de habitantes, Amado conta como Salvador havia se tornado uma metrópole “ruidosa, movimentada, turbulenta, sua doçura fundamental entrecortada de violência”.

 Embora a cidade tenha mudado, sua vida cultural, suas ruas, seus mistérios e seus personagens permaneceram NO livro, com um traço marcante na ‘literatura’ DO autor de Gabriela, atualmente NO ar pela Rede Globo, de falar mal DO lugar onde nasceu: “Uma cidade pobre de hotéis, paupérrima de restaurantes, sem teatros e com pequena vida noturna” (1940). Atualizando em 86, continuou reclamando, mas destacou os avanços da capital: “Falamos mal dos hotéis, dos restaurantes, dos cabarés. Falemos agora mal dos cinemas. A Bahia ainda está à altura DO cinema que merece”.

 As igrejas continuam com um capítulo exclusivo, como a Nossa Senhora DO Rosário dos Negros, NO Pelourinho, construída NO século XVIII, e recentemente reaberta, depois de mais de um ano de obras de recuperação. “Sempre cheia de gente, extremamente ligada aos ritos DO candomblé. Diz a lenda que a cidade DO Salvador conta com 365 igrejas, uma para cada dia DO ano. Dizem os amigos dos números exatos que entre igrejas e capelas elas somam 76. Pouco importa”.

 Os personagens citados por ele também permaneceram, mas de forma poética: “Dos filhos de Caymmi, João Gilberto é o mais louco e o mais angelical. Dos segredos das camarinhas surgiu Gilberto Gil, acento negro na voz límpida, melodia que desce da senzala para conquistar a praça e o poder. Da festa de Nossa Senhora da Purificação, em Santo Amaro, de comício impossível, proibido, desembocou Caetano Veloso, barco em mar de temporal…”. E ele também cita o escultor Mário Cravo, a fotógrafa Arlete Soares e mãe Stella de Oxóssi, ialorixá DO Ilê Axé Opô Afonjá.

 Em tempo: Amado será homenageado durante todo o mês de agosto com a exposição Amada Bahia de Jorge, de Henrique Passos, na Associação Comercial da Bahia na Praça Conde dos Arcos, NO Comércio. Passos retratará cenas da Bahia e DO seu povo que inspiraram Jorge Amado em suas obras – serão telas em óleo sobre linho que relembram a rampa DO mercado, os saveiros, o Pelourinho, a vadiagem e os boêmios.

Por Bruno Astuto/Revista Época/Foto: Reprodução.

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