12 Apr 2023
Fundação Palmares: Pelourinho pode ser referência para Cais do Valongo

“Os prédios históricos não só sobrevivem com o tempo, mas também se desgastam com o tempo. Eu venho de Salvador e isso é um fato marcante. Também visitei Roma, visitei vários lugares do mundo onde o tempo é, às vezes, avassalador. Ele é um amigo para dizer que um prédio é importante, mas é o inimigo quando não há preservação”, pontuou.
Na visita ao Rio de Janeiro, João Jorge disse acreditar que o aprendizado com o Pelourinho, na capital baiana, pode ser útil para as discussões acerca do Cais do Valongo. Ao mesmo tempo, ele destacou que a sociedade civil, através do comitê gestor participativo, é quem deve indicar a melhor forma de ocupação do local.
“O Pelourinho é um museu a céu aberto, com vários espaços que foram recuperados a partir de 1991 e 1992. E hoje tem uma proteção do espaço físico”, disse. Embora observe que esse processo envolveu alguns dilemas de ocupação, ele avalia que a experiência pode ser uma referência. “Queremos que a ocupação humana dê gás, que ajude a preservar pelo calor das pessoas. Todo lugar abandonado fisicamente entra em deterioração”, reitera.
Cais do Valongo
Revelado em 2011 em escavações realizadas durante as obras de revitalização da zona portuária do Rio de Janeiro, o Cais do Valongo foi local de desembarque de mais de um milhão de pessoas escravizadas, provenientes da África. Sua importância histórica desperta a atenção de estudiosos e pesquisadores. Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, foi o maior porto receptor de escravos do mundo.
A situação do local já vinha preocupando o Ministério Público Federal, que chegou a mover ações judiciais para que fossem cumpridos compromissos assumidos com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura em 2017, quando o local recebeu o título de Patrimônio Mundial. Pesquisadores chegaram a temer pela perda do título diante de decisões do governo de Jair Bolsonaro, que extinguiu o comitê gestor participativo e o plano de gestão.
Com outros espaços localizados ao seu redor, o Cais do Valongo forma hoje o circuito Pequena África, que resgata o apelido dado pelo sambista Heitor dos Prazeres à zona portuária da cidade. Ele inclui, por exemplo, o Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira, o Instituto Pretos Novos e a Pedra do Sal.
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Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil.