Filme sobre Pessoa, com Bethânia, estréia no Festival do Rio

 Um documentário sobre a obra de Fernando Pessoa, declamado por Maria Bethânia e com comentários da acadêmica Cleonice Berardinelli é a atração de segunda-feira (06/10) do Festival do Rio, numa sessão de gala no Cine Lagoon, às 20h. O mote para (o vento lá fora), do diretor Marcio Debellian, foi a mesa que a cantora e a imortal comandaram na Flip de 2013, a mais concorrida do evento. Foi num show de Bethânia, aliás, que a obra do poeta português se iluminou para o cineasta. “Um mundo se abriu para mim. Saí do show direto para saber tudo dele. Bethânia foi responsável por isso”, revela Debellian.
 
Há muitas passagens deliciosas no filme, como a em que a professora Cleonice corrige a pronúncia de Bethânia num dos poemas. Quem mais ousaria repreender a cantora? Ela manda Bethânia escandir a palavra saudade em quatro sílabas, para manter a métrica. Depois de repetir a gravação, a irmã de Caetano pede a sua aprovação. E Cleonice diz: “Quase”.

Em outro momento, a professora comenta que Fernando Pessoa nunca disse palavrões; sempre usou o seu heterônimo Álvaro de Campos para isso. “Há um que ele diz, pesado, com todas as letras, logo no começo do poema”, conta Cleonice, referindo-se ao “Poema em linha reta”, aquele que começa assim: “Nunca conheci quem tivesse levado porrada/Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo/E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,/Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,/Indesculpavelmente sujo/”. Para quem não descobriu, o palavrão pesado de dona Cleonice é a palavra porrada.
 
Há uma possibilidade de Maria Bethânia, arredia a esses eventos, comparecer à sessão de segunda; Cleonice, de 98 anos, está gripada e não vai. O filme (o vento lá fora) vai ser lançado em CD e DVD pela, em breve.
 
Por Lu Lacerda – Foto: Reprodução.

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