Festa, missa e Luiz Gonzaga: Igreja do Rosário inova em arrasta-pé

Com informações do Correio24Horas

Sanfona a tiracolo, chapéu de couro e óculos de sol: assim foi marcado o fim da missa de terça-feira (20) na Igreja do Rosário dos Pretos, no Pelourinho. Isso porque, durante a cerimônia, em homenagem a Santo Antônio, São João e São Pedro, os sagrados da época, Luiz Gonzaga entrou de surpresa na igreja, interpretando para os fiéis a sua história e algumas de suas músicas mais marcantes.

Ou melhor, uma versão dele. Na homenagem, descrita pelo padre Lázaro Muniz como uma “interpretação carinhosa”, é o ator Vitório Emanuel quem dá vida a Luiz Gonzaga, um dos nomes mais emblemáticos do São João. Emanuel interpretou o cantor pela primeira vez em 2001, numa peça de teatro, e completa agora o segundo ano como Gonzagão na Igreja do Rosário.

Para o ator, a performance é um tributo à memória de Luiz Gonzaga. “A vida está marcada pela trajetória de Gonzagão. As memórias do São João em família, da fogueira na porta nas cidades do interior… o que se ouvia era Luiz Gonzaga. Quando me fizeram o convite, eu disse ‘poxa, eu vou reviver essas memórias nas outras pessoas’. Eu espero que tenha para os outros a mesma importância que tem para mim”, afirmou Emanuel.

Mesmo com a chuva forte e o tempo frio no Pelourinho, a apresentação de Gonzagão trouxe para a Igreja a vivacidade das fogueiras de São João. Na pele do cantor, Emanuel interpretou a “Ave Maria Sertaneja”. O artista cantou Padre Sertanejo e Asa Branca.

O padre Lázaro Muniz, responsável por comandar a missa, diz que a representação de Gonzagão é um símbolo da permanência de seu legado. “Ele foi uma força que marcou a nossa existência, uma pessoa que, com sua música, com seu jeito e até com suas necessidades nos marcou, no sentido mais pleno de nunca deixarmos de ser o que somos, na nossa essência de nordestinos”, afirmou Muniz.

Local de sincretismo
 
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“A fé não tem igreja. Qualquer igreja, qualquer fé e qualquer crença que acredite num ser supremo é boa e vale a pena ser vivida”. É o que defende Florismar Gasparoto, 71, que veio de Brasília para Salvador para um festival de contação de história. Escritora, jornalista e benzedeira, ela aproveitou o evento para participar da missa, da qual sempre ouviu tanto falar.

Unindo pessoas de todas as crenças, de católicos a umbandistas, a Igreja do Rosário dos Pretos mostra na prática o sincretismo religioso de Salvador, com os cantos tradicionais do catolicismo em arranjos formados pelos tambores de matriz africana, por exemplo.

*Publicado no Alô Alô Bahia por Carolina Cerqueira. Fotos: Paula Fróes/CORREIO  @pontodevistadrones

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