4 Jan 2021
Estudante baiano consegue uma das maiores notas do mundo no Enem dos EUA

Hoje, aos 17 anos, ele conseguiu um feito raro: alcançou a pontuação 1540 no exame SAT, a prova que é como um Enem estadunidense. A pontuação máxima do SAT é de 1600 - e são raros os estudantes, no mundo, que conseguem alcançá-la. A média, mesmo entre os estudantes americanos, é de 1000. Isso significa que, de acordo com o próprio exame, Pedro ficou entre o 1% de alunos que mais acertaram em todo o mundo.
“É um processo difícil, mas eu queria muito ter essa experiência diferente. Queria ter essa outra perspectiva na minha vida e meus pais me incentivaram a buscar isso”, diz Pedro, que acabou de concluir o 3º ano do Ensino Médio no Colégio Helyos, em Feira de Santana.
Além da nota na prova geral, Pedro também teve resultados maiores nos exames específicos - os chamados SAT Subject Tests. Ele fez testes de Matemática Nível 2 e Química e chegou a 800 e 780 pontos, respectivamente. A nota máxima, nas provas específicas, é de 800.
Apesar do interesse e dos resultados na área de Exatas, Pedro ainda não escolheu o curso que quer fazer. “Gosto de economia, engenharia, mas não tenho uma área definida. Esse é um dos pontos positivos dessa oportunidade, porque posso explorar muito mais o que eu tenho que fazer. Se eu fosse fazer no Brasil, teria que escolher o curso agora. Lá, eu posso escolher enquanto formo uma opinião”.
Projeto
Na escola, desde o 9º ano, Pedro começou a fazer parte do chamado Project U, uma iniciativa destinada a preparar estudantes para universidades estrangeiras. Em aulas semanais, o programa explica desde como se inscrever nas instituições até como se preparar para os exames. Além do próprio SAT, há outras provas importantes, como a do Toefl, um teste de proficiência em língua inglesa exigido pela maioria das universidades.
Mas, em 2020, as coisas se intensificaram. Para conseguir a nota no SAT, Pedro chegava a estudar 11 horas por dia, de segunda a sábado. Mesmo assim, ele não descuidava das avaliações regulares no colégio, que também são avaliadas no processo de seleção.
“É interessante porque, de certa forma, a pandemia ajudou. Como as aulas foram online, eu tinha alguns intervalos e tinha ainda mais tempo para me dedicar aos estudos. Na sexta-feira, terminava tudo da escola e, no sábado, me dedicava à application (nome do processo de candidatura, em inglês). De manhã, fazia um simulado do SAT e, à tarde, escrevia as redações”.
Mas, ao contrário do Brasil, que usa apenas as notas do Enem para selecionar estudantes, as universidades dos Estados Unidos funcionam de outra forma. Lá, o processo de candidatura envolve outros aspectos - inclusive análise de atividades extracurriculares, cartas de recomendação e textos escritos pelos próprios estudantes.
Hoje, Pedro está finalizando a aplicação para ao menos 10 instituições, incluindo algumas como a Universidade de Stanford e a Universidade de Yale. Os resultados, porém, só devem sair entre março e abril, para início das aulas no segundo semestre.
“Nesse projeto da escola, a gente aprende que é bom ter atividades extracurriculares que mostrem para a universidade qual é a sua paixão, que você faz algo fora do currículo normal”, explica Pedro.
Foi assim que ele chegou a desenvolver uma pesquisa independente sobre mindset, que é um modelo pelo qual uma pessoa pensa. Na investigação, ele analisou a saúde mental de estudantes com mais tendência ao chamado mindset de crescimento e ao mindset fixo. A pesquisa rendeu um artigo científico que já foi aprovado para publicação na Revista Brasileira do Ensino Médio. O texto deve ser publicado no próximo volume do periódico, ainda este ano.
Planejamento
Quando soube da nota de Pedro, o professor Wendell Silva Rios, que ensina inglês no Colégio Helyos e é o coordenador do Project U, logo entendeu que era algo a se comemorar. "Quando o aluno alcança 1400, 1500 pontos, já é algo extraordinário. Por pouco, ele não fechou a prova", explica.
Para o professor, estudantes que querem fazer graduação fora do Brasil precisam, antes de tudo, se planejar para isso.
"O aluno pode até decidir se preparar no último ano do Ensino Médio, mas é uma correria muito grande. Se ele faz um plano, o resultado pode ser melhor", analisa.
No plano, é preciso incluir uma trajetória de boas notas e as atividades extracurriculares. "O alto nível de inglês é indispensável. O SAT é todo em inglês, então, até para entender questões de Matemática, vai ser preciso ter uma boa compreensão", orienta.
No Brasil, a prova do SAT é realizada em 17 cidades, em centros autorizados para aplicação dos exames. Na Bahia, o único centro funciona na Escola Panamericana, em Salvador. O valor do teste com a redação é de 62 dólares, mas há um acréscimo de taxa administrativa para centros fora dos Estados Unidos. (por Thais Borges para CORREIO).
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