1 Aug 2023
Entre os mais antigos do Brasil, cinema no interior baiano foi restaurado com cachê de ensaio nu; entenda

O mais curioso foi que o dinheiro utilizado para conservar o espaço da sétima arte, um dos mais antigos do Brasil, antes que virasse mais uma unidade da Igreja Universal, veio do ensaio nu que o ex-atleta fez para a G Magazine, em 1999.
Fundado em 1927, o cinema segue em funcionamento, apesar das condições precárias e, atualmente, abre apenas para exibições públicas. O espaço cultural, inclusive, é administrado por uma das tias de Vampeta, dona Beta Alves, que é soteropolitana, mas mora na cidade natal do sobrinho desde 2000, quando se mudou exatamente para gerenciar o cinema.
Ao longo de sua história, o Cinema Rio Branco pertenceu aos Ribeiro Soares, família das mais tradicionais de Nazaré. De 1970 a 1990, por falta de manutenção e representando riscos, foi desativado diversas vezes até um dos restauradores, em 1998, pedir ajuda a Vampeta, que já decolava na carreira, para consertar o telhado, prestes a cair.
"Quando surgiu a proposta de sair na revista, e era uma proposta muito boa, o dinheiro foi para a restauração do cinema. Eu gosto de cinema para caramba mesmo. Na época, foi uma chance de recuperar um patrimônio histórico, mas também de construir um patrimônio, porque o cinema me pertence também", destacou Vampeta em entrevista ao g1.
Segundo o ex-atleta, que chegou a ser julgado pelas fotos, foram investidos quase R$ 500 mil na revitalização, montante integralmente composto recursos próprios. "Ele chegou a ser condenado por algumas pessoas por ter posado nu, só que não sabem que o cachê foi usado todinho para o cinema. É um patrimônio histórico muito importante, mas que requer muito recurso", defendeu a tia Beta.
Ela não deixou que o restaurador Uriel, o que pediu ajuda lá atrás, entregasse as chaves à prefeitura, quando admitiu que não dava mais conta do cinema. "Não deixei, porque administração pública sempre muda. Eu tomei a frente e continuo na administração", diz orgulhosa.
Em 2007, aconteceu a última reforma no espaço, que segue abrindo as portas apenas para estudantes de escolas públicas. "A gente está precisando de apoio principalmente pelo estado físico do cinema, a parte estrutural mesmo. Tem que trocar telhado, reparar paredes, fazer muita coisa. Um monumento desse, em qualquer outro canto, seria bem mais valorizado. A história no cinema jamais pode ser destruída", defende a administradora.
* Por José Mion, com informações do g1. Fotos: Clériston Andrade/TV Bahia e Reprodução/Redes Sociais.
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