Empreendedora baiana ganha destaque nacional com marca de bike voltada para mulheres negras

Unir ativismo social a um negócio mais rentável nem sempre é viável, mas Lívia Suarez, 34 anos, descobriu uma forma de sustentar uma ideia criativa que trouxe a solução para uma questão invisível para muitas pessoas, mas que faz a diferença para tantas outras.

Com os R$ 2 mil que tinha do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), Lívia abriu, há seis anos, um bike-café itinerante em Salvador até se tornar uma referência nacional no ramo de vendas de bicicletas, oficina mecânica e acessórios para pedalar pensado por e para mulheres negras.
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"Comecei a pedalar como processo de cura após a perda de meu pai. E pedalando em Salvador tive várias perspectivas da cidade e das pessoas. Não havia grupos de pedal de pretos. Também não havia muitas pessoas pretas pedalando como modal ativo na proporcionalidade da população da cidade", contou ao canal Universa, do Uol.

Desta percepção veio o movimento Preta Vem de Bike, que ensina e incentiva mulheres negras e periféricas a pedalar. O projeto recebeu prêmios de mobilidade (207, 2018 e 2019) e Primeiro e Segundo Passo (2017 e 2018) do Banco Itaú.

Outra iniciativa do projeto é a Casa La Frida, localizada no Santo Antônio Além do Carmo, que abriga também um serviço de aluguel de bicicletas e uma oficina de manutenção voltada para mulheres negras, atendidas por mecânicas capacitadas pelo projeto.

Já a marca La Frida Bike vende produtos exclusivos para o Brasil e diversos países. Os negócios cresceram na pandemia. "As pessoas em geral e nosso público passaram a usar mais a bike como meio de transporte, evitando aglomeração, e para trabalhar, fazer entregas em serviços delivery", revelou. As bicicletas, construídas dentro da identidade dos corpos femininos, são seu carro chefe.

No seu mix de produtos, uma novidade promete revolucionar o mercado: o capacete de ciclismo para pessoas de cabelo crespo, item ainda inédito que será vendido nas plataformas da empresa e em grandes varejistas de esportes no Brasil e exterior, a partir de dezembro. "Pesquisamos muito antes de projetar o capacete a partir das perspectivas da diametria, identidade, proteção capilar e o principal: a evidência dos cabelos como forma de manifestação", diz Lívia.

Fotos: Helen Salomão e Divulgação. Siga o insta @sitealoalobahia.

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