Em carta pública, milionários pedem por aumento de impostos para combater COVID-19

Ante à pandemia, o país registrava a marca de pelo menos 259 mil brasileiros milionários. Em 2019, cerca de 42 mil pessoas adentraram a lista dos investidores que ultrapassavam a marca do milhão de reais, cerca 19% a mais que nos anos anteriores. Diante do caos sanitário mundial com a COVID-19, economistas preveem um impacto de pelo menos US$ 1 trilhão na economia, em 2020.
 
Preocupados com o futuro do planeta, mais de noventa super-afortunados se manifestaram pedindo que seus respectivos países cobrem deles a conta do combate à pandemia do novo coronavírus. "Hoje, nós, milionários que assinamos esta carta, pedimos aos nossos governos que aumentem impostos sobre pessoas como nós. Imediatamente. Substancialmente. Permanentemente”, diz o trecho do documento intitulado por “Milionários pela humanidade”.
 
"Os problemas causados e revelados pela Covid-19 não podem ser resolvidos com caridade, por mais generosas que sejam. Os líderes de governos devem assumir a responsabilidade de levantar os fundos de que precisamos e gastá-los de maneira justa. Podemos garantir que financiemos adequadamente nossos sistemas de saúde, escolas e segurança por meio de um aumento permanente de impostos sobre as pessoas mais ricas do planeta, pessoas como nós", diz outro trecho do manifesto, que não conta com a participação de nenhum brasileiro. Apesar de a proposta também ser defendida no Brasil.
 
Criador do movimento “Somos 70%”, hoje empresário e escritor, Eduardo Moreira é um dos principais nomes em defesa a taxação de grandes fortunas. "A classe média paga muito imposto, enquanto os super-ricos se beneficiam da não taxação de dividendos, da baixa taxação de Imposto de Renda, de manobras fiscais. O que defendemos não é aumento de impostos para a classe média, mas cobrar dos muito ricos. Lembrando que super-rico não é quem compra uma SUV e paga em 24 prestações ou quem precisa converter dólares em reais quando vai reservar um hotel em Miami”, afirma o ex-banqueiro de investimentos.
 
Juntas, a Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital (Fenafisco), a Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Anfip), os Auditores Fiscais pela Democracia (AFD) e o Instituto Justiça Fiscal (IJF) estimam uma arrecadação de, ao menos, R$ 270 bilhões por ano. O imposto sobre grandes fortunas taxaria patrimônios superiores a R$ 10 milhões, incluindo cerca de 60 mil pessoas. E o Imposto de Renda aumentaria para quem ganha mais de R$ 23,8 mil por mês - que, segundo eles, perfazem 1,1 milhão de pessoas, 3,6% dos contribuintes. A alíquota mais elevada (45%) incidiria sobre 59 mil contribuintes que ganham mais de R$ 76 mil por mês. As instituições apresentam na próxima semana 11 propostas legislativas que estão de acordo com o plano de Reforma Tributária defendido pelos partidos de oposição.
 
"Com a COVID-19, a agenda da Reforma Tributária que tramita no Congresso Nacional ficou anacrônica e insustentável, porque ela é omissa em relação à tributação das altas rendas e da riqueza", disse o professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Eduardo Fagnani, um dos responsáveis pelas propostas, em entrevista ao UOL. "Esse papel de liderança dos milionários estrangeiros 'taxem nossas fortunas' é o que esperamos dos milionários e bilionários brasileiros. Seus institutos e fundações são importantes, mas eles têm uma agenda própria que não substitui o financiamento em escala de política pública da saúde e da educação, por exemplo", completa.
 
"Ao contrário de dezenas de milhões de pessoas em todo o mundo, não precisamos nos preocupar em perder nossos empregos, casas ou nossa capacidade de sustentar nossas famílias. Não estamos lutando na linha de frente desta emergência e temos muito menos chance de sermos suas vítimas. Então por favor. Taxe-nos. Taxe-nos. Taxe-nos. É a escolha certa. É a única escolha. A humanidade é mais importante que o nosso dinheiro", conclui o texto ‘milionários pela humanidade’ (https://www.millionairesforhumanity.com).
 
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Foto: divulgação. Siga o insta @sitealoalobahia.
 

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