Efeito contrário: cigarros eletrônicos estão criando legião de dependentes em nicotina

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Moda entre os jovens, os cigarros eletrônicos estão causando o efeito contrário do que se previa, no início da febre dos dispositivos. O que parecia até mesmo uma opção para quem queria parar de fumar, agora revela um cenário cheio de riscos e armadilha.
 
Usado sem ressalvas em bares, festas e até escolas, os vapes, como são também conhecidos, chegaram a ser apresentados como opção supostamente menos prejudicial à saúde do que o cigarro convencional. O discurso enganoso esconde uma "epidemia de nicotina entre jovens”, como definiu Drauzio Varella em matéria especial do Fantástico deste domingo (5).
 
“Nada mais são do que dispositivos para administrar nicotina, a droga que provoca a dependência química mais escravizadora. Todo o esforço que nós fizemos para reduzir o número de fumantes será perdido. Estamos criando uma legião de dependentes de nicotina e de fumantes passivos, que ficarão com os pulmões doentes, agredidos pela fumaça dos que fumam os eletrônicos”, afirmou o médico.
 
"A nicotina líquida é aquecida dentro do dispositivo e, ao dar a tragada, forma-se um vapor. Para formar esse vapor, é necessário que se insiram substâncias que não existem no cigarro tradicional. O usuário de cigarro eletrônico aumenta em 42% a chance de ter um infarto. O adolescente que usa cigarro eletrônico, ele aumenta em 50% a chance de ter uma asma”, afirma Stella Martins, pneumologista do InCor, em entrevista à atração global.
 
Enquanto um cigarro comum oferece 15 tragadas - um maço teria 300 -, um vaporizador de 1,5 mil tragadas seria equivalente a cinco maços. A questão é que o cigarro comum, no Brasil, tem no máximo um miligrama de nicotina, quantidade regulamentada pela Anvisa, que não tem controle sobre os diversos tipos de dispositivos eletrônicos.
 
“Em algumas marcas nos Estados Unidos, descobriram que tinha remédio para pressão alta, para controlar batimento cardíaco, para quem tem epilepsia, quem tem convulsão, tinha antibiótico... Então, eu posso dizer para você que a gente ainda não sabe o que tem lá dentro”, revela Stella sobre as substâncias inseridas nos vapes.
 
Segundo matéria do programa dominical, pesquisa da Universidade Federal de Pelotas revelou que quase 20% dos adultos entre 18 e 24 anos já experimentaram cigarro eletrônico, sem contar os menores de idade, que não foram entrevistados. “A indústria não tem muito interesse nos velhos fumantes. Eles já estão viciados, já fizeram as suas doenças, não querem saber e falar sobre isso. Então, eles querem é que o público jovem comece a usar”, afirma Ana Menezes, epidemiologista e pesquisadora da UFPel.
 
Apesar da Anvisa proibir a venda, importação e propaganda de cigarros eletrônicos desde 2009, a decisão voltou a ser analisada, em função dos 19 projetos de lei sobre cigarros eletrônicos em análise no Congresso Nacional. Mesmo proibidos, é fácil comprar os vapes e a Polícia Federal tem feito operações de repressão ao contrabando do produto.
 
O documentário "Cigarro eletrônico: como tudo deu errado", produzido pelo “New York Times” e disponível na Globoplay, conta a história da empresa Juul, que dominou o mercado de cigarros eletrônicos nos Estados Unidos, oferecendo uma alternativa para quem tentava largar o vício. A empresa foi processada e teve de esclarecer, no Congresso, sua participação no que foi chamado de "epidemia de nicotina entre os jovens".
 
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