Divulgadas gravações inéditas de João Gilberto, Caetano e Gal juntos em 1971. Vem ouvir!

Um ano antes de voltar, em definitivo, do exílio em Londres, Caetano Veloso passou cerca de um mês no Brasil. Era 1971, e a irmã dele, Maria Bethânia, conseguiu autorização dos militares para Caê comemorar os 40 anos de casamento de seus pais, na Bahia. A experiência foi traumática para o músico, que foi interrogado durante horas por militares assim que pisou no Brasil.

Alguns meses depois, Caetano recebeu uma ligação de João Gilberto, convidando-o para vir ao Brasil tocar com ele em um especial de TV. Na do livro autobiográfico 'Verdade Tropical', Caetano recorda as palavras de João ao telefone: “É Deus quem está me pedindo para eu lhe chamar. Ouça bem: você vai saltar do avião no Rio, todas as pessoas vão sorrir para você. Você vai ver como o Brasil te ama”. E assim aconteceu.

Aproveitando uma brecha dos militares, João reuniu Caetano e Gal Costa para tocar ao lado dele em um show especial para TV Tupi. “Vim porque João mandou”, disse Caetano à Folha ao desembarcar no aeroporto de Congonhas em 8 de agosto de 1971, um domingo. Naquele mesmo dia, os três músicos se reuniram no Teatro Tupi e gravaram por seis horas quase sem parar. O resultado foi um programa de cerca de 1h30, com participação do lendário guitarrista Lanny Gordin no violão.

Várias partes dessas gravações, que estavam perdidas, foram encontradas e são consideradas inéditas. A recuperação ocorreu graças ao trabalho do produtor musical e pesquisador Pedro Fontes, que conseguiu uma fita k7 com o áudio do show, tratou o material e lançou no YouTube. 

A fita, que corresponde a 2/3 do show que foi exibido pela TV Tupi, foi cedida a ele por Ion de Freitas Filho, que gravou tudo em fita de rolo direto da TV e depois passou para o k7. Ion chegou a gravar a última parte do show, mas a fita foi perdida. 

O áudio destas músicas, que pode ser ouvida abaixo, é da fita que ficou com a Fundação Padre Anchieta, doada por Cyro Del Nero, cenógrafo que também trabalhou no especial junto com os produtores Fernando Faro e Alvaro de Moya.

Enquanto a fita de Ion traz um material inédito, a parte final, do arquivo da Fundação Padre Anchieta, foi utilizada pelas rádios do grupo, a Cultura Brasil e Cultura FM. Mas no canal de Pedro Fontes o áudio está tratado e mais limpo.

A Universal Music detém mais gravações daquela noite, porém não tem planos de lançá-las. Isso porque no, início dos anos 1990, João Gilberto processou a EMI (cujo catálogo hoje pertence à Universal) por adulterações em seus primeiros álbuns. As informações são do site Volume Morto, especializado em música.

Ouça o fantástico acho nos vídeos abaixo.





Foto: Reprodução/TV Tupi. Siga a gente no Instagram @sitealoalobahia e no Twitter @aloalo_bahia.

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