Dilma e o 14 de Julho

Em 14 de julho de 1789, revolucionários de várias cores (de jacobinos a moderados) tomaram a Fortaleza da Bastilha, em Paris, França. O evento pôs abaixo a temida prisão que era o epicentro dos horrores do antigo regime - a monarquia absolutista francesa. Apenas um guardião real morreu; contudo o comandante da fortaleza inaugurou a lúgubre era das decapitações que se seguiria. Embora a corte, rei e rainha inclusos, estivessem praticamente sitiados em Versalhes e na Bastilha restassem pouco mais de meia dúzia de presos, o feito foi considerado grandioso. O governo da França, de então, enfrentava forte oposição da mídia e da opinião pública, além de uma dura crise financeira em razão de investimentos mal planejados e, em consequência, a necessidade de promover um ajuste na economia; i. é: arrocho fiscal e aumento de impostos. As condições de trabalho da população, que já não eram boas, pioravam ainda mais.
 
Curiosamente um jornalista liderou a queda e destruição da Bastilha, Camile Desmoulins. Morreria decapitado, dois anos mais tarde, pelo mesmo regime que ajudou a chegar ao poder.
 
Bem, todo mundo já ouviu falar na história dos brioches da bela rainha Maria Antonieta que “se non é vero, é bene trovato”. É inevitável tocar no assunto, que talvez nem se encaixe por aqui, por causa do evidente mal-estar das hostes situacionistas. A presidente arranjou com o que se ocupar, bem no momento em que o protagonismo do presidente Eduardo Cunha, timoneiro da Câmara de Deputados, sufoca os poucos que ainda não sucumbiram a sua agenda ultra-conservadora. Porém a vida segue; assim é que Dilma anda de bicicleta e faz dieta do Ravena. Na Bahia conhecemos bem a dieta do Ravena. Dá resultado e não é modismo, como afirmam alguns desinformados - ainda que a falta de carboidratos dê um certo desânimo, um cansaço. É certo que a visita de Estado aos EUA foi bem sucedida. Trará resultados ao país, mas é muito pouco provável que altere os ânimos gerais com o governo. Na ausência da dirigente máxima, Lula foi a Brasília injetar otimismo nas hostes situacionistas. Ao que se comenta, ninguém ficou muito animado, não. Pudera, com apenas 9% de aprovação, acossada pela renhida mídia oposicionista, Dilma enfrenta a maior impopularidade presidencial da história recente da República.
 
A desidratação alarmante do governo tem assanhado parte dos seus opositores. As hostes alinhadas ao senador Aécio Neves continuamente se movimentam no sentido da bastilha presidencial imediata. Com modesto sucesso, é bem verdade. A estratégia não agrada nem a José Serra (virtual candidato a presidente do PMDB), nem a Geraldo Alckmin (virtual candidato da coligação PSDB/PSB). Não que trabalhem com objetivos distintos. São apenas modos distintos em tempos divergentes. Em 14 de julho, Ricardo Pessoa vai depor no TSE, em razão de denúncias contra campanhas políticas. Homologada a delação da Lava Jato, é pouco provável que tenha algo novo a declarar. Nada novo a declarar também porque há sim acordos sendo celebrados e não são apenas de delação premiada. A política segue e ainda há uma bastilha no caminho.
 
Foto: Reprodução

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