Digressões Semanais

A crueldade é uma característica particular dos seres humanos. Os outros animais não a tem. É, por assim dizer, humana, demasiado humana. Seus sintomas mais evidentes são a falta de empatia com a dor ou alegria do outro e, acima de tudo, a falta de compaixão. A inclemência diante de uma dor lancinante; a absoluta falta de compassividade quando a calamidade se abate sobre o próximo. Insensibilidade. E o próximo é o próximo mesmo. Não são as impalpáveis viúvas cegas e idosas do Quirguistão ou o pobre padre degolado da Normandia. São na verdade as pessoas com as quais essas criaturas convivem. E invejam diuturnamente; e silenciosamente odeiam; e durante anos alimentam seu ódio com o fel venenoso do seu despeito; e, como serem rastejantes que são, esperam, imóveis, no escuro das tocas, o momento infortúnio de darem seu bote e escarrarem sua infinita maldade. Depois de Umberto Eco sabemos da população de imbecis que habita as redes sociais falando inoportunamente de coisas sobre as quais ninguém quer saber a opinião delas. Pois bem, essa foi mais uma semana onde os imbecis e as imbecis (é imperativo declinar em gênero, no caso) saíram da casinha para liberar seus demônios em meio à sociedade. E em sociedade tudo se sabe. E todos sabem do que estamos falando. E sabem o que estamos ouvindo? Olhem seus rabos macacas, eles estão bem em cima dos trilhos e o trem tá vindo.


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