Crônica: um Fortal de Esperanças

O ser humano é naturalmente induzido a entender um milagre, como a realização de algo impossível. Para mim, mais do que fruto do fantástico e do irreal, um milagre é a percepção da realização do improvável. Em linhas gerais seria a concretização do que não se pode provar que poderia acontecer. Acho que deu pra entender, não é mesmo?

Nas minhas quase quatro décadas de existência já pude presenciar algumas situações que beiraram o fantástico e uma delas aconteceu neste último fim de semana, em Fortaleza, no Ceará.

Fui pela primeira vez ao Fortal, Carnaval fora de época realizado na capital cearense, cheio de expectativas. Muitas criadas pela alma jovem, soteropolitana e cheia de energia que habita em mim. Afinal foram dois anos de reclusão forçada em um período sombrio, que sepultou as perspectivas de festas, eventos, do corpo a corpo, de gente com gente.

É difícil descrever a emoção que senti ao, no primeiro dos quatro dias de festa, ver Bell Marques dedilhar os primeiros acordes de “Se Me Chamar Eu Vou”. Sentimento que com certeza foi compartilhado por grande parte do  público que num passado tão próximo vivia trancado, com medo, sem perspectivas e assombrado por um termo impronunciável desde o século passado: Pandemia. 

Assistir ao Fortal foi ter certeza de que retomar é possível. E a “sensação de coisa boa” estava no coração de quem curtia dentro das cordas e dos camarotes, mas também no povo trabalhador e sofrido que teve uma possibilidade de garantir uma renda extra durante o evento.

Viva a vacina, viva a ciência, viva Claudia Leitte e viva Ivete Sangalo. Boa sorte para Nattazinho, o mais novo fenômeno musical do Nordeste e para Lucas Mello, cantor baiano que fez a sua estreia no evento.

Mas, acima de tudo, um salve especial para a humanidade.  Para mim foi um verdadeiro milagre, estarmos todos juntos novamente, seja curtindo ou trabalhando. Podemos ser muitas vezes perversos e de fato a vida nos coloca muitas vezes a prova. Porém, quando resolvemos fazer o bem e usar os nossos recursos e super poderes de forma positiva, somos milagreiros e quase Deus. 

Afinal, a esperança pede que lutemos por ela. Que assim seja.

 

Por Pedrinho Figueredo (@pedrinhofigueredo)

 
 

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