12 Sep 2023
Criado por baiano e inspirado em 'Renascer', Chocolat Festival volta à Europa pensando em expansão
Com a experiência nas gravações do folhetim global, Lessa, que foi morar em Ilhéus na adolescência, quando o pai foi transferido para a cidade, em meio à decadência da vassoura de bruxa, despertou seu olhar para a região, totalmente destruída.
Naquele cenário também de pobreza, ele enxergou a riqueza histórica e arquitetônica e a beleza natural, exaltadas na novela e esquecidas pela população local. "Só se falava em dívidas. As pessoas diziam 'isso aqui já era', 'isso aqui já foi'. Ficava bastante triste", relembra o empresário, em entrevista ao jornal Correio Braziliense.
A capital federal recebe uma edição da feira entre 20 e 24 de setembro, antes de reatravessar fronteiras internacionais, voltando a Portugal, para sua segunda edição no Porto, em outubro próximo, no mesmo mês em que passará por Bruxelas, na Bélgica, e Paris, na França. De 2009, primeira edição do evento, até hoje, o Chocolat Festival reuniu mais de 1,2 milhão de participantes.
O evento foi sendo montado pouco a pouco na cabeça do jovem Lessa, ainda estudante, quando ele teve a oportunidade de conhecer Gramado, no Rio Grande do Sul, mais de uma vez. A cidade era tida como a terra do chocolate no Brasil. "Lá consegui experimentar o ecossistema que gira no entorno do chocolate. Havia boas iniciativas nessa área", conta.
As visitas ao Sul despertaram a vontade de fomentar o turismo em Ilhéus em torno do cacau, não só do chocolate, já derretido e transformado em barras, que era o foco da maioria das lojas de chocolates mundo afora. Após várias iniciativas, numa "inquietação muito particular", segundo ele, decidiu visitar as fábricas de chocolate gaúchas. Ele não entendia porque Ilhéus, que produzia a matéria-prima para o chocolate, vivia fase tão ruim.
Ele percebeu que as lojas apenas derretiam o chocolate produzido por grandes companhias e vendiam como chocolate caseiro, artesanal. Foi quando ele se convenceu de que precisava criar um evento que estimulasse a verticalização, favorecendo o produtor de cacau e estimulando o surgimento de empreendedores.
Quatorze anos depois de sua estreia, o evento se firmou e segue estimulando seu criador, que se motiva em ver que mais de 300 empreendedores conseguiram fixar suas marcas de chocolate, gerando empregos e renda e criando uma cadeia que envolve turismo, gastronomia e ecologia, inclusive atraindo de volta para a região de Ilhéus filhos de produtores de cacau que haviam ido tentar a sorte em outros destinos. O modelo de negócios foi, inclusive, replicado em outros estados como o Pará, na região do Xingu, que já recebeu uma edição do evento.
O alimento do futuro
Atualmente vivendo na cidade portuguesa de Braga, o empresário baiano segue com missões em torno do cacau, uma delas a de mostrar ao mundo que o fruto é símbolo de sustentabilidade. "Será o alimento do futuro", acredita.
Em torno desse pensamento estão fatos, não emoções. "Para produzir o fruto é preciso manter a floresta de pé. Há ainda os subprodutos do cacau, como a amêndoa torrada, que vira chá, o vinagre balsâmico, a aguardente, os cosméticos, as geleias, o melaço...", elenca o empresário, que crê que o preservacionismo do cacau vai salvar a Amazônia.
"Uma roça de cacau é seis vezes mais rentável do que a de gado. Não precisa desmatar para plantar cacau", explica, confiante de que esse discurso é de grande importância na superação de novas fronteiras, no caminho para mercados como da Índia, China e Rússia, com populações enormes e consumo mínimo de chocolate. Pra se ter uma ideia, enquanto no Brasil, o consumo médio per capita é de 3 quilos por ano, entre indianos, chineses e russos, o consumo é de 0,5 quilo por pessoa.
Entre os planos para entrada na Europa, que já é um grande mercado produtor e consumidor de chocolates, estão a apresentação de um grande showroom, com vários produtos. "Vamos inaugurar a primeira Casa Brasiliana, em outubro, no Porto", revelou o empresário. "Temos de sonhar sempre. E realizar. Nada é impossível", finaliza.
* Por José Mion, com informações do Correio Braziliense. Fotos: Divulgação.
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