Conheça o fenômeno que pode estar secando um rio que corta a Bahia

O Serviço Geológico do Brasil (SGB) está investigando a redução do volume do curso d'água rio Verde Grande, que corta o semiárido de Minas Gerais e da Bahia, e que há dez ano deixou de ser perene em períodos de seca. Isso acontece em vários trechos entre sua nascente, em Bocaiúva, e sua foz, na cidade de Malhada, onde deságua no rio São Francisco, um trajeto de 557 quilômetros que cruza 27 municípios mineiros e 8 baianos.
 
O último levantamento do SGB, feito em 2018, indica que o rio perde 560 mil litros de água por hora, preocupando produtores da região, que dependem do Verde Grande e de poços, ligados ao aquífero da região, para a agricultura e pecuária. De tudo o que sai do rio para movimentar atividades econômicas, 90% vão para atividades no campo, segundo o SGB. Os 10% restantes são para abastecimento humano.
 
Para além das questões de clima e uso da água do rio para atividades econômicas, o SGB acredita que as águas do rio estejam sendo roubadas por um grande reservatório natural de água no próprio curso do rio, que passa por uma região formada por rochas carbonáticas, suscetíveis à ação das águas. Naturalmente, acontece uma “troca” de águas do rio e do aquífero, mas com o uso intenso de poços que captam água desse último, é possível que essa relação esteja desequilibrada.
 
Para tentar confirmar isso, a investigação do SGB, feita em parceria com a ANA (Agência Nacional das Águas), lançou no rio um líquido traçante, mas que não causa impacto ambiental. Ao mesmo tempo, colocou em poços da região uma substância que reage quando em contato com o líquido lançado no rio. "A intenção é conhecer como é a relação do rio com a seca. Em que momento o rio perde água para o aquífero e em que momento o aquífero está fornecendo água para o rio. Existem várias captações de água subterrânea e essas captações podem estar afetando o rio", diz a hidrogeóloga do SGB Maria Antonieta Mourão à Folha de S.Paulo.
 
O lançamento do traçador ocorreu na sexta-feira (5). A primeira coleta do material colocado nos poços da região acontecerá nesta sexta-feira (12). Outros dois recolhimentos ocorrerão. Um em 35 dias e outro, 75 dias depois do lançamento.
 
Foto: Janis Morais/Divulgação/SGB/CPRM. Siga a gente no Instagram @sitealoalobahia e no Twitter @aloalo_bahia

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