Conheça o baiano que descobriu na faculdade a vocação para padre e vai comemorar 40 anos de sacerdócio

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Ele saiu de Ilhéus, no sul da Bahia, aos 16 anos, para estudar na capital. Por mais que o Maristas fosse um colégio católico, Luís Simões não era dos mais religiosos. Na hora de ingressar na faculdade, ficou dividido entre Direito e História. Na dúvida, escolheu os dois. Cursava um na Universidade Federal da Bahia (Ufba) e outro na Universidade Católica do Salvador (Ucsal). Fascinado pelas aulas de Teologia do Padre Hamilton, na Ucsal, acabou se aproximando da Igreja. Foi um caminho sem volta. No dia 22 de abril, Padre Luís Simões comemora 40 anos de sacerdócio, sendo 22 deles à frente da paróquia de Nossa Senhora da Vitória. Foi lá que, quando ainda era universitário, participou de um grupo jovem para se aprofundar nos assuntos religiosos. O aniversário de quatro décadas de sacerdócio será comemorado com uma missa, às 18h, na Catedral Basílica de Salvador, mesmo lugar onde ele foi ordenado.

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Na faculdade, as aulas de Teologia lhe instigaram tanto que, no segundo ano do curso de História, decidiu mudar para Filosofia. Queria pensar mais, refletir, se aprofundar no pensamento filosófico. "A partir daí fui fortalecendo a vida da fé, da Igreja, me sentindo engajado na Igreja. O chamado de Deus é assim, uma constante, uma continuidade. Acabei o curso de Direito praticamente junto com Filosofia e, em conversa com o cardeal Dom Avelar, manifestei a vontade de entrar para o seminário. Fiz Teologia em Roma, me formei na Gregoriana e voltei depois de 3 anos", conta. Anos depois voltou a Roma para fazer um mestrado em Antropologia e teve a oportunidade de viver a experiência de trabalhar em paróquias do interior da Itália.
 
Em 1984 ele foi ordenado padre pelo então cardeal dom Avelar Brandão Vilela. Inicialmente, ficou por quatro anos como vigário paroquial da Vitória, ao lado de Monsenhor Gaspar Sadoc. Depois, o então cardeal Dom Lucas Moreira decidiu que era a hora do padre Luís ter uma paróquia para chamar de sua. Passou pela Paróquia de Nossa Senhora da Penha, por Itapuã, e depois voltou para o lugar onde tudo começou, a Igreja da Vitória. "Sempre estive aqui nessa área, me sinto integrado na comunidade, aceito, embora ninguém seja 100% aceito, mas somos felizes dentro dos limites de cada um", avalia em entrevista ao Alô Alô Bahia.
 
Figura bastante conhecida e querida na comunidade, padre Luís diz que, como padre, acaba exercendo diversos papéis. É conselheiro, confidente, amigo. "As pessoas procuram o padre em todas as circunstâncias da vida, em momentos de desafios, de alegria, de partilha, de vida, de festa, de tantas coisas boas". Todos os domingos, antes da celebração, ele se prepara como se fosse algo que fosse fazer pela primeira vez. É que ele diz que odeia a mesmice e, consequentemente, a ideia dos fiéis acharem que estão assistindo à mesma missa.
 
"Me preparo, estudo pra saber o que vou dizer, para sair da mesmice. A palavra é muito dinâmica, muito atual. Temos que questionar e ser questionado. Falar de uma forma que mostre a realidade e questione para que possa com um olhar crítico melhorar, crescer. Não precisa gritar com ninguém, expulsar ninguém, nem se achar melhor do que ninguém", diz.
 
O padre ressalta ainda que hoje as pessoas vivem num cenário de radicalismo, de extremismos e exclusão dos diferentes. "Hoje tem um radicalismo, as pessoas são fechadas num ponto de vista ideológico, inclusive na Igreja. Acho que Deus é mais amplo e mais aberto para caminhar com todo mundo, aceitando. Procuro sempre questionar, mas sem querer impor norma moralista a ninguém. Isso não convém, nem é cristão. Nunca obriguei ninguém a nada, cada um tem que descobrir, tem que ser livre e fazer o bem", defende.
 
Junto com a vida religiosa veio o chamado para exercer outro papel: o de professor. Por 29 anos se dividiu entre as missas e atividades religiosas e as salas de aula. "Ensinei Teologia, depois Direito Canônico, Ética Geral e Profissional, fui aprofundando na questão como padre, mas gostava da universidade, sempre gostei de lecionar. Trabalhei 29 anos como professor", conta. Entre os alunos, ele cita nomes como o prefeito Bruno Reis, a vice-prefeita Ana Paula Matos, o vice-governador Geraldo Júnior, o comandante da Polícia Militar, Paulo Coutinho, entre outros.
 
Na sala de aula, deixava de ser o padre Luís e virava o professor Luís. "Costumava dizer: sou padre, mas aqui venho em nome de um magistério. Sempre fui muito rigoroso quanto a presença dos alunos, a pontualidade. Mas quem fosse às aulas não tinha problema comigo, quem não ia, perdia por falta", recorda.
 
A grande missa que vai marcar os 40 anos do sacerdócio ainda vai ocorrer, mas as comemorações já começaram. Domingo passado, por exemplo, padre Luís foi convidado para celebrar na Igreja da Penha, para festejar os 40 anos. Sobre a escolha da Catedral Basílica para o grande dia, o padre diz que não podia ser diferente.
 
"Escolhi o local onde me ordenei, o cardeal dom Sergio vai celebrar e padres e amigos irão. Se voltasse ao passado, faria tudo de novo e digo que sou privilegiado num país em que a maioria não tem nem condições de pensar o que quer ser e eu pude começar e recomeçar", finaliza. 
 
Quem quiser presentear o padre pela data, ele sugere que ajude a paróquia, fazendo um PIX para paroquiavitoria10@gmail.com.

Foto: Divulgação.

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