​Conheça o artista que está por trás do descolado Estúdio Agá, no Santo Antônio Além do Carmo

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O universo das artes sempre encantou Hóri Leal, mas ele nunca se imaginou artista. Quando saiu de Poções, no interior baiano, em 2006, para estudar e trabalhar na capital baiana, nem passou pela cabeça tentar uma vaga na Escola de Belas Artes. Estudou Administração, experimentou trabalhos burocráticos, até que precisou de algo original para presentear uma amiga e lembrou das pinturas que fazia na adolescência. Pegou um pedaço de madeira encontrado na rua e esboçou nele a sua arte de cores vivas. O presente fez tanto sucesso, que Hóri adotou as plaquinhas que ele mesmo fazia para presentear os amigos. Os pedidos passaram a ser tantos, que o levou a uma decisão: os amigos davam os materiais e ele registrava a sua arte.

"Já pintava na adolescência, mas mudei para Salvador em 2006 e, quando cheguei aqui, me envolvi com outras coisas e essa parte artística ficou guardada. Não pensei estudar artes plásticas", conta Hóri, que naquela época ainda era conhecido como Horácio.

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Foi justamente num momento de dificuldade que ele se reinventou e aprendeu usar a arte para sobreviver. O que ele não imaginava é que, a partir dali, trilharia uma nova caminhada com as artes visuais. Das vendas iniciais para amigos passou a participar de feiras itinerantes pela cidade, fazendo com que seu trabalho chegasse a um público maior. "Comecei participando de feira até o negócio ganhar corpo, nome, registro, um MEI", recorda o artista.

Quando chegou a pandemia, Hóri se viu sem as feiras, onde escoava a produção, e teve que buscar de novo meios de fazer suas obras chegarem ao público. "Chegou pandemia, as coisas precisaram ser reformuladas. Não estava conseguindo pagar os boletos, só tinha duas opções: fazer alguma coisa pra voltar a vender ou retornar pro interior, que era algo que eu não queria", conta.

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Mas o acaso se encarregou de dar a guinada que Hóri precisava. Numa ida ao Santo Antônio, bairro que ele se apaixonou desde a primeira vez que esteve lá, encontrou o anúncio de aluguel em um casarão na Rua Direta. Foi o impulso que precisava para abrir o próprio estúdio. "Vi que estava alugando um espaço, então juntei com sete amigos, peguei o restinho de grana que tinha e fui com toda coragem que eu tinha. Estávamos na segunda fase da pandemia, não tinha turistas circulando, não tinha gente passando na rua, mas eu acreditava naquela ideia", conta o artista visual.

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Com a cara e a coragem, abriu as portas do Estúdio Agá, no número 244 da Rua Direita do Santo Antônio. Ele define o espaço como um laboratório de ideias, um estúdio de produção artística genuinamente baiano. O negócio consiste em transformar, compartilhar e unificar arte, poesia, política, ilustração e design. "A ideia central é oferecer ao público um espaço para apreciar e consumir arte visual, em Salvador", explica Hóri, que assume a gestão, curadoria e criação dos produtos Agá que dão vida ao descolado estúdio.
 

Apesar dos perrengues do início, com o tempo, as coisas só fluíram. O estúdio tem sido cada vez mais visitado e a arte de Hóri desejada por quem vai conferir. "Agora estou recebendo muita visita, muitos turistas, artistas, o bairro está com um fluxo bacana", diz.

estudioh8Além do trabalho dele, é possível conferir obras de outros artistas que fazem exposições no espaço. Quem vai ao estúdio consegue apreciar no corredor da casa sempre uma exposição coletiva ou individual. No casarão, além do Estúdio Agá funciona um atelier de cerâmica, Meu Tortinho, de Carol Morena, e um atelier de pintura, de Ludimila Lima

Quando se debruça sobre a tela, Salvador é sempre uma inspiração para Hóri. Ele busca retratar não só a geometria de uma cidade que se divide em alta e baixa, mas também os soteropolitanos, seu comportamento, sua religiosidade, seu comportamento e também o colorido que faz da capital baiana uma cidade vibrante.
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estudioh3estudioh4"A minha arte retrata Salvador, o comportamento dos soteropolitanos e baianos, a forma como pessoas se comunicam, como moram, como se organizam socialmente. As religiões de matriz africana me chamam muito atenção. Essa geometria me agrada demais, também um pouco da diáspora vinda da África. Essa coisa de comunicar a cidade pra mim é muito forte, comunico com a geometria, com o traçado, os telhados, o elevados...", descreve o artista.

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  • Estúdio Agá
Onde fica: Rua Direta do Santo Antônio, 244;
Funcionamento: de terça a domingo, das 14h às 20h;
Instagram: @estudioaga.


Fotos: Divulgação. 

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