Conheça Del Nunes, baiano que se destaca com colagens artísticas no Instagram

José Mion é jornalista, assessor de imprensa, apaixonado por Gastronomia e escreve para o Alô Alô Bahia.

O primeiro trabalho remunerado de Uendel Nunes foi desenvolvendo um cartão de visitas, aos 14 anos. Desde cedo, portanto, o design e a comunicação estavam presentes em sua vida, até mesmo na escola, onde já gostava de ficar à frente das produções gráficas e artísticas que os projetos envolviam. Com quase 35 mil seguidores no Instagram (@uendelns), o gosto por compartilhar suas criações vem de antes mesmo dos stories existirem. As comunidades do Orkut e páginas temáticas do Facebook já serviam de vitrine para a arte do jovem morador do bairro de São Cristovão, de 23 anos.
 
Em 2018, começou a publicar suas primeiras colagens. Foi percebendo, aos poucos, que havia valor comunicacional no seu trabalho e que era possível empregar mensagens nas artes utilizando símbolos, signos, tons, texturas, ambientes e até mesmo personagens. “Comecei a me expressar e imprimir coisas da minha realidade e cotidiano em tudo que eu criava, tendo em vista que cresci em um bairro da periferia, entretanto, cheio de inspirações”, nos contou.
 
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A relação com a periferia e a questão racial, inclusive, são fortemente presentes no seu processo criativo. “O samba, o blues, o candomblé, o rap, o funk, antes de serem, de certo modo, embranquecidos e elitizados, já estavam presentes nas periferias e torna-se inevitável não transitar por espaços e utilizar esse ambiente como inspiração”, reflete.
 
Falando em inspiração, Uendel deixa claro que suas maiores referências estão no dia a dia, quando abre a janela do quarto, pega o ônibus, sai na rua. “Tudo funciona através de um observar e absorver. Quanto mais cheio dessas absorções, mais criatividade tenho”, explica o jovem, formado em Publicidade e Propaganda, curso que, segundo ele, ampliou seu repertório artístico, profissional e intelectual.
 
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Rolando a tela do smatphone pelo feed de Del, não tem como não parar em algumas de suas releituras, como a Monablack (versão negra da Monalisa de Leonardo Da Vinci) e Jesus negro. “Gosto de imaginar como seria o mundo hoje se as pessoas pretas tivessem sido representadas assim no passado. Na TV, nos filmes, nas pinturas. É por isso que eu faço isso no presente, pois, no futuro, quero ter contribuído o máximo com esse movimento”, diz.
 
O trabalho do publicitário, visivelmente, vai além da pura expressão artística. Através das colagens, ele transmite mensagens cheias de valor e busca retratar “as pessoas negras vivas e felizes, sendo amadas e se amando em seus diferentes jeitos, corpos e espaços, sempre gigantes tocando o céu, com muita luz, muito vigor”, resume. “É meu hobbie roteirizar e alimentar o desejo de revolucionar a forma como a gente é visto e como a gente se vê”, conclui.
  Fotos: Reprodução/Uendel Nunes. Também estamos no Instagram (@sitealoalobahia), Twitter (@Aloalo_Bahia) e Google Notícias.

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