Conheça as principais mudanças na arquitetura e design de interiores trazidas pela pandemia

A pandemia acelerou um processo global de olhar para dentro de casa. E mais, ampliou essa tendência, levando as pessoas a buscarem em seus antigos refúgios - casas de praia ou no interior - uma morada por mais tempo ou até mesmo permanentemente. No último ano, essa necessidade de viver em família, com mais conforto, se permitindo desacelerar quando se termina o trabalho no home office, fez com que os escritórios de arquitetura e decoração recebessem uma demanda maior por projetos que adaptasse os imóveis de veraneio ou férias para receber seus moradores por temporadas indeterminadas.

 “Todos estão em busca de mais qualidade de vida”, afirma Carol Gaspar, sócia do GW Arquitetos ao lado de Cauã Witzke. “Vimos o start desse movimento logo no início da pandemia. O mercado se assustou no primeiro mês, em março, mas em abril começou essa mudança de comportamento. Percebemos o quanto os clientes necessitaram dessa adaptação e assumimos diversos projetos no litoral Norte, muitos em Praia do Forte e Guarajuba”, explica a arquiteta. 

 De acordo com Carol, junto com esse ajuste das pessoas a um novo estilo de vida, vieram outras mudanças. “Muitos clientes passaram a investir nesses imóveis, buscando projetos mais duradouros, com materiais, mobiliário e revestimentos que vão perdurar”, avalia.  Com esse olhar para dentro de casa, aumentou também a valorização de elementos sustentáveis e de produtos regionais. 

 Para o escritório de arquitetura e design de interiores não houve dificuldade de adaptação à nova demanda. “Está no nosso DNA utilizar elementos naturais nos projetos e dar valor aos fornecedores locais porque sabemos que isso impacta positivamente no resultado. Hoje, nosso cliente também tem essa consciência e quer levar esse natural para casa. Ele tem o entendimento que essa decisão garante conforto estético e aconchego ao projeto. Por conhecer nossa identidade, muitos vêm atrás da gente por conta disso”, revela Carol. Ela e Cauã já assinaram mais de 40 projetos na Praia do Forte.

 Ela explica que os elementos naturais são eternos, reutilizáveis, e por isso mais conectados com o atual momento. “A madeira natural, por exemplo, pode ser usada de diferentes formas. Hoje é um piso, amanhã pode se transformar em uma cabeceira de cama. São materiais que podem ser reaproveitados de uma forma sustentável”.
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 Aposentadoria - Outra mudança de comportamento identificada pela arquiteta foi a vontade de muitos em antecipar a aposentadoria e essa mudança no lar interfere diretamente na decisão. “As pessoas perceberam o impacto que a arquitetura proporciona na qualidade de vida. A pandemia parece que adiantou esse plano de se aposentar e ficou claro que é possível ter essa qualidade de vida logo. Com isso, veio o investimento nessa segunda ou até mesmo primeira residência mais confortável, cercada de elementos naturais, duráveis”, acredita.

 Para ter esse clima de aconchego não é necessário, obrigatoriamente, investir em uma segunda casa. Hoje, a tecnologia investida no setor de arquitetura e decoração permite que qualquer imóvel seja revertido em um lar mais confortável. “Hoje, podemos ter uma cozinha ou varanda gourmet para ser realmente vivida, sem nos preocuparmos com a temperatura das panelas ou em apoiar um vinho em uma bancada para não manchar, por exemplo. O lar é feito para usufruirmos de bons momentos e as pessoas hoje podem ter isso”, explica Carol.

 E essa preocupação com o conforto não é algo solitário. A sensação de bem-estar dentro de casa tem sido uma busca também para compartilhamento entre familiares e amigos. “Há um desejo maior das pessoas em receber e isso dificilmente vai mudar. As moradas estão sendo preparadas para serem compartilhadas e isso pede mais conforto, estrutura, um gourmet bacana, living com TV. As pessoas ficaram muito tempo sem sair, ir a restaurantes, e descobriram o prazer dentro de casa, mais intimista”, conta a especialista.
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 Home office – Enquanto a aposentadoria não chega de verdade, as pessoas adaptaram seus ambientes de trabalho em seu novo estilo de morada e um cômodo até antes quase inexistente nas casas de praia e campo se tornou indispensável: o home office. “Essa foi uma solicitação de 90% dos clientes que atendemos na pandemia. Esse cômodo se tornou uma necessidade não só por questões de praticidade, mas pensando mesmo em qualidade de vida. Hoje, com a internet, é possível trabalhar longe da cidade e com o mesmo conforto”, garante Carol Gaspar.
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Fotos: Divulgação e Rodrigo Melo. Siga o insta @sitealoalobahia.

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