20 Jun 2021
Conheça as principais mudanças na arquitetura e design de interiores trazidas pela pandemia

“Todos estão em busca de mais qualidade de vida”, afirma Carol Gaspar, sócia do GW Arquitetos ao lado de Cauã Witzke. “Vimos o start desse movimento logo no início da pandemia. O mercado se assustou no primeiro mês, em março, mas em abril começou essa mudança de comportamento. Percebemos o quanto os clientes necessitaram dessa adaptação e assumimos diversos projetos no litoral Norte, muitos em Praia do Forte e Guarajuba”, explica a arquiteta.
De acordo com Carol, junto com esse ajuste das pessoas a um novo estilo de vida, vieram outras mudanças. “Muitos clientes passaram a investir nesses imóveis, buscando projetos mais duradouros, com materiais, mobiliário e revestimentos que vão perdurar”, avalia. Com esse olhar para dentro de casa, aumentou também a valorização de elementos sustentáveis e de produtos regionais.
Para o escritório de arquitetura e design de interiores não houve dificuldade de adaptação à nova demanda. “Está no nosso DNA utilizar elementos naturais nos projetos e dar valor aos fornecedores locais porque sabemos que isso impacta positivamente no resultado. Hoje, nosso cliente também tem essa consciência e quer levar esse natural para casa. Ele tem o entendimento que essa decisão garante conforto estético e aconchego ao projeto. Por conhecer nossa identidade, muitos vêm atrás da gente por conta disso”, revela Carol. Ela e Cauã já assinaram mais de 40 projetos na Praia do Forte.
Ela explica que os elementos naturais são eternos, reutilizáveis, e por isso mais conectados com o atual momento. “A madeira natural, por exemplo, pode ser usada de diferentes formas. Hoje é um piso, amanhã pode se transformar em uma cabeceira de cama. São materiais que podem ser reaproveitados de uma forma sustentável”. Aposentadoria - Outra mudança de comportamento identificada pela arquiteta foi a vontade de muitos em antecipar a aposentadoria e essa mudança no lar interfere diretamente na decisão. “As pessoas perceberam o impacto que a arquitetura proporciona na qualidade de vida. A pandemia parece que adiantou esse plano de se aposentar e ficou claro que é possível ter essa qualidade de vida logo. Com isso, veio o investimento nessa segunda ou até mesmo primeira residência mais confortável, cercada de elementos naturais, duráveis”, acredita.
Para ter esse clima de aconchego não é necessário, obrigatoriamente, investir em uma segunda casa. Hoje, a tecnologia investida no setor de arquitetura e decoração permite que qualquer imóvel seja revertido em um lar mais confortável. “Hoje, podemos ter uma cozinha ou varanda gourmet para ser realmente vivida, sem nos preocuparmos com a temperatura das panelas ou em apoiar um vinho em uma bancada para não manchar, por exemplo. O lar é feito para usufruirmos de bons momentos e as pessoas hoje podem ter isso”, explica Carol.
E essa preocupação com o conforto não é algo solitário. A sensação de bem-estar dentro de casa tem sido uma busca também para compartilhamento entre familiares e amigos. “Há um desejo maior das pessoas em receber e isso dificilmente vai mudar. As moradas estão sendo preparadas para serem compartilhadas e isso pede mais conforto, estrutura, um gourmet bacana, living com TV. As pessoas ficaram muito tempo sem sair, ir a restaurantes, e descobriram o prazer dentro de casa, mais intimista”, conta a especialista.

Home office – Enquanto a aposentadoria não chega de verdade, as pessoas adaptaram seus ambientes de trabalho em seu novo estilo de morada e um cômodo até antes quase inexistente nas casas de praia e campo se tornou indispensável: o home office. “Essa foi uma solicitação de 90% dos clientes que atendemos na pandemia. Esse cômodo se tornou uma necessidade não só por questões de praticidade, mas pensando mesmo em qualidade de vida. Hoje, com a internet, é possível trabalhar longe da cidade e com o mesmo conforto”, garante Carol Gaspar.