3 Mar 2022
Colegiado de instituições baianas realiza ato por restauração de casa onde Ruy Barbosa nasceu
O imóvel onde nasceu Ruy Barbosa, no Centro Histórico de Salvador, próximo à Praça Municipal, tem a ABI como uma das entidades guardiãs do espaço. Ao longo dos anos, a Associação já promoveu a edição de diversas publicações sobre Ruy e realizou nos seus espaços culturais e de terceiros, dezenas de eventos, como conferências, seminários e exposições de seu acervo.
Desde o ano passado, por iniciativa da Associação, a programação do centenário começou a ser construída junto com outras 15 importantes instituições do estado. Entre as principais atividades previstas para o marco estão a restauração do Museu inaugurado em 1949, o lançamento de um documentário, reedição de livros, a requalificação da Rua Ruy Barbosa e a instalação de um busto de Ruy Barbosa na cidade. Se depender das instituições envolvidas com o calendário comemorativo, os eventos serão à altura do homenageado.
De acordo com o professor Edvaldo Brito, representante da Câmara Municipal de Salvador (CMS) e da Academia de Letras da Bahia (ALB) no Colegiado, a visita representa uma reverência à memória mais destacada da Bahia. “Ruy Barbosa é para nós um orgulho, uma satisfação. Queremos que hoje seja o marco inicial das atividades, até chegarmos ao 1º de março de 2023, quando teremos os 100 anos de sua morte”, afirmou o presidente da Comissão Executiva do Colegiado para o Centenário.
O presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), Joaci Góes, também enfatizou a relevância do local. “Isso aqui é uma verdadeira catedral da inteligência, mas não se encontra nas condições que deveria. Nós temos que restaurar esta casa para fazer dela um templo de visitação constante, de todos os brasileiros, no sentido até de servir para transformar, modificar, melhorar este ambiente normalmente pantanoso que nós vivemos no Brasil contemporâneo”, refletiu o jornalista e escritor. Para ele, a reunião desta manhã serviu para inaugurar um novo tempo. “É um início ao reconhecimento dessa personalidade solar”.
O jornalista e pesquisador Jorge Ramos, diretor do Departamento Museu Casa de Ruy Barbosa, festeja as iniciativas para resguardar a memória e fortalecer referências culturais da sociedade baiana. “É com satisfação que eu vejo que novamente a Bahia começa a se unir em torno de Ruy Barbosa. Estamos a um ano do centenário de morte dele e temos muito o que fazer para soerguer essa casa, que é um patrimônio. Ruy Barbosa é um patrimônio da Bahia, talvez um dos maiores”, destacou.
Parte desse acervo recebeu os cuidados das bibliotecárias Graças Nunes Cantalino e Ana Lúcia Albano, membras do GEIRD – Grupo de Estudos Interdisciplinares da Raridade Documental. Graças, que esteve no local para acompanhar a visita, e Ana atuaram na etapa de transferência do acervo bibliográfico para higienização e acondicionamento.
A museóloga da ABI e responsável pelo Museu de Imprensa, Renata Ramos, espera que as juventudes tenham curiosidade de conhecer Ruy e preservar sua memória. “Não tem como mensurar a iniciativa de colocar novamente a Casa de Ruy no corredor cultural, não só pelo patrimônio arquitetônico mas pela história de Ruy Barbosa no campo educacional. Muitos estudantes visitavam o Museu para fazer pesquisas. Saber que ele estará aberto para a comunidade é de um valor incrível”, celebrou a restauradora e conservadora documental.
Luis Guilherme Pontes Tavares, vice-presidente da ABI, chama a atenção para o fato de a casa ter sido reconstruída com base em imagens que retratavam a construção original. “Esta casa ruiu. Há registro do terreno baldio no final dos anos 30. A ABI, com a liderança do presidente Ranulfo Oliveira, empenhou-se em refazer a casa”. Ele contou que para isso foram utilizadas como referência fotografias e desenhos, dentre os quais uma obra de Presciliano Silva.
“Esta é uma casa que, nos anos 30, período em que surge o Iphan, tem o pioneirismo de ser uma casa restaurada a partir de iconografia. Isso faz dela um exemplar pioneiro e eleva a sua importância”, lembrou. Luis Guilherme aproveitou para acenar aos órgãos de preservação do patrimônio. “Deixo aqui o meu apelo ao Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional] e ao Ipac [Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia]. Que esse fato seja objeto de ênfase para mostrar que este é um prédio mais do que especial”, afirmou.
“Ficamos surpresos com o grau de degradação do imóvel, mas também felizes com o movimento da ABI em prol da recuperação deste, que, de fato, é uma referência importante na trajetória de Ruy Barbosa. A perspectiva da recuperação disso me deixa muito feliz”, parabenizou a arquiteta Milena Tavares, diretora de Patrimônio e Humanidades da Fundação Gregório de Mattos (FGM), uma das entidades que integram a Comissão. Com informações da ABI.
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