Coleção particular do artista Emanoel Araújo com 1,5 mil peças vai a leilão este mês; exposição inicia amanhã

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Cerca de 1,5 mil peças de arte da coleção particular do artista Emanoel Araújo irão a leilão pela Bolsa de Arte entre os dias 25 e 28 de setembro. A exposição das peças que serão leiloadas inicia nesta quarta-feira, 6 de setembro, nos Jardins, em São Paulo. O acervo inclui obras de artistas como Rubem Valentim, Xavier das Conchas e Franz Krajcberg. 

A coleção tem preciosidades de arte sacra, peças africanas e do Candomblé, jóias crioulas, pinturas, fotografias, estátuas, peças de design, móveis e louças, entre outras. Inúmeras peças terão lance livre, sem valor mínimo estipulado, possibilitando o acesso a todos.

Emanoel Araújo

Nascido em Santo Amaro da Purificação em 1940, Emanoel Araújo era filho de um ourives e, desde pequeno, recebeu uma educação visual meticulosa acerca das jóias e peças que recebia. Formou-se em artes visuais pela Universidade de Belas Artes da Bahia e fundou o Museu Afro Brasil, em São Paulo.

Antes de morrer aos 81 anos, em 7 de setembro de 2022, ele definiu em testamento o destino de parte desse importante acervo: um leilão para distribuir os fundos a cinco irmãos e funcionários. 
 

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Niki de Saint Phalle

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Francisco Brennand
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Rubem Valentim



Como vai funcionar o leilão

Após algumas semanas de exposição, em 25 de setembro, a casa leiloeira dará início ao leilão presencial. Serão quatro noites recebendo os lances dos interessados na sede da Bolsa de Arte em São Paulo. Depois, a negociação segue por mais 30 dias no site www.bolsadearte.com

“Emanoel Araújo foi um grande comprador de arte. Tive, inclusive, a oportunidade de conhecê-lo e, agora, apreciar, em detalhe, sua coleção privada, que tem uma grande importância histórica, com peças do século 17, 18 e raridades que vão do barroco ao modernismo”, conta Jones Bergamin, diretor da Bolsa de Arte.

A empresa exibirá o conjunto de obras de arte vindo do apartamento de Araújo em ambientes que reproduzem alguns dos seus espaços - o visitante encontrará, por exemplo, um ambiente que remete ao quarto do artista. 

Entre uma poltrona Jangada de Sérgio Rodrigues e uma cama de madeira de lei, uma pequena escultura se destaca ali: a peça feita pela escultora e cineasta Niki de Saint Phalle, que foi presenteada a Araújo pela recepção da francesa na Pinacoteca, em 1997, quando veio ao Brasil. A peça vai estar em uma das escrivaninhas que pertenceram ao artista, acompanhada de uma carta escrita de próprio punho por Saint Phalle no ano em que esteve em São Paulo, exatamente como foi deixada por Araújo em seus aposentos.

Também haverá uma montagem do escritório, da cozinha e da sala de jantar de Araújo, com peças africanas e de origem Iorubá, móveis, louças, e obras de artistas como Carlos Bastos, Xavier das Conchas, Carybé, Rubem Valentim, Francisco Brennand, João Câmara, Siron Franco, Franz Krajcberg, entre outros.



No acervo, há também uma variedade de peças que têm relação com a história da escravidão no Brasil, como anéis, esculturas e moedas antigas. 

“Emanoel foi um homem vaidoso, além de intelectual, comprou joias que pertenceram a coronéis, senhores de escravos, além, é claro, das joias crioulas, que são especialmente muito raras”, destaca Bergamin. 

Das estatuetas e antiguidades em geral, o intelectual comprava artigos relacionados à diáspora do povo negro, africanidades e religião, como imagens de Santa Ifigênia e Santo Antônio. A coleção do artista reúne ao todo quase 5.000 obras, sendo que os 2.800 itens que estão em comodato no Museu Afro Brasil não estarão à venda. 

Luta antirracista

Ao longo de sua vida, Emanoel Araújo elegeu a luta antirracista nas artes não apenas como uma bandeira, mas elaborou todo um caminho teórico e prático nas instituições que esteve à frente para oxigenar seus acervos e mostrar como a arte brasileira possuía um forte vínculo com a ancestralidade e as tradições africanas, como a religiosidade. 

Emanoel Araújo foi do popular ao erudito para expandir os acervos dos museus que trabalhou e, neste meio tempo, adquiriu obras produzidas por artistas de grupos sub-representados, como latino-americanos, indígenas e negros. O multiartista olhava para o passado para preencher lacunas – e esse espírito se vê em sua vasta coleção. 

Sobre Emanoel Araújo

Artista plástico, curador, museólogo e ativista, Emanoel Araújo foi uma das personalidades mais importantes do Brasil no século 20, ele nasceu em 15 de novembro de 1940 em Santo Amaro da Purificação, na Bahia. Estudou gravura na UFBA e, em Salvador, participou de diversas exposições, chegando até o posto de diretor do Museu de Arte da Bahia de 1981 a 1983.

Ainda na juventude, ganhou prêmios importantes como uma medalha de ouro na 3ª Bienal Gráfica de Florença, em 1972. Sendo também homenageado com o prêmio de melhor gravador pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), em 1973. E de melhor escultor, em 1983, pela mesma instituição.

Como professor, lecionou artes gráficas e escultura no Arts College, The City University of New York, em 1988. De 1992 a 2002, ocupou o cargo de diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo e foi um dos fundadores e diretor do Museu Afro Brasil.

Serviço

Exposição do leilão da coleção de Emanoel Araújo

Data: 6 de setembro a 5 de outubro
Horário: 11h às 19h de segunda a sexta-feira
Endereço: Rua Barão Capanema, 457 Jardins São Paulo-SP

Leilão da coleção de Emanoel Araújo
Leilão presencial: 25, 26, 27 e 28 de setembro, às 20h
Local: Sede da Bolsa de Arte em São Paulo
Endereço: Rua Rio Preto, 63 – Jardins São Paulo-SP
Leilão online em https://www.bolsadearte.com/ durante um mês

Publicado por Hilza Cordeiro | Foto: Bob Wolfenson e Divulgação

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