22 Dec 2023
Claudia Leitte lança clipe, desabafa sobre TDAH e revela problemas no último Carnaval: 'Não vivi intensamente'
A cantora, que é baiana de coração, revelou ao Alô Alô Bahia que está ainda mais animada para a estação mais quente do ano, sobretudo para sua maratona carnavalesca, que em 2024 terá como tema “Parque de Diversão”. Isso porque ela enfrentou problemas no Carnaval deste ano.
“Foi um Carnaval difícil para mim porque eram muitas sensações, muitas emoções (…) Eu não sabia lidar com aquela sensação que eu tava sentindo. E eu acho que os meus fãs também não estavam conseguindo. Eu precisei realmente de muito equilíbrio. Eu não vivi intensamente esse Carnaval, muito embora tenha sido um Carnaval lindo (…) Tive que ter um autocontrole muito grande porque era psicológico, mas era físico também. Era: ‘eu preciso me equilibrar para fazer a minha música acontecer porque senão eu vou me emocionar o tempo inteiro aqui, e não vou fazer o que eu vim fazer, né?’. Então foi diferente de todos os Carnavais da minha vida. Por isso que eu tô dizendo que a partir de agora eu vou viver o Carnaval da minha vida”, revelou Claudia, em uma conversa de cerca de 40 minutos, por Google Meet, diretamente de Miami (EUA), onde mora.
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A canção “Liquitiqui” marca o início do um projeto que deve durar o ano inteiro. “É ‘O Carnaval da Minha Vida’, junto com um “Parque de Diversões” no Carnaval de Salvador, que culmina na gravação desse show, que acontece nos dias 8 e 9 de abril, em São Paulo, na Vibra (maior casa de shows e espetáculos da América Latina). Eu tô muito feliz, eu tô muito agulhada. Tem muito acúmulo de informação, então eu tô me estruturando emocionalmente para não explodir porque eu sou muito intensa. Eu já tô sentindo isso tudo e já tô com isso tudo guardado há muito tempo. Tô querendo botar para fora, porque já estou explodindo”, afirmou a artista.
Além de dar detalhes sobre o tema do seu Carnaval e dos próximos lançamentos, Claudinha desabafou sobre o diagnóstico de TDAH, sigla para "Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade", após os 40 anos de idade. “É um fluxo de pensamentos que eu não consigo bloquear. Eu tenho uma alteração no córtex pré-frontal. Todo mundo consegue fazer um raciocínio às vezes muito óbvio e lógico e ir direto ao ponto. O TDAH não me deixa filtrar esses pensamentos. Eu consigo desmembrar uma pergunta em mil numa fração de segundos. É muito doido! Por outro lado, eu não tinha essa consciência. Eu não sabia que isso era uma condição. Acho que eu passei a minha vida inteira me vendo, mas eu não entendia o que estava acontecendo”, disse.
A cantora classificou esse processo todo de descoberta do transtorno como libertador. “Em princípio, é assustador receber o diagnóstico, porque é um transtorno, uma condição séria. A gente precisa olhar com ternura para o outro”, pontuou.
Ela lembra que não tinha esse olhar carinhoso consigo mesma. “Eu falava: eu não entendo, eu pareço que sou uma pessoa que não tem discernimento, inteligência (…) A partir do momento em que eu tive o diagnóstico, eu comecei a ter um pouco mais de paciência comigo mesma. Eu comecei a gostar mais de mim, a ser mais mais eu. A deixar minha personalidade fluir mais e não me condenar, não ter receio do que eu vou dizer. É bonito ser assim, tem um lugar para o TDAH”, afirmou.
Hoje, além do acompanhamento com a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa, Claudinha faz terapia e sessões de neuromodulação. “Eu consegui, inclusive, chegar até aqui hoje, independente das condenações, das culpas e do autoflagelo, porque a gente se martiriza. A gente quer se encaixar, quer estar no tempo dos coleguinhas da escola, da galera do trabalho e é outro timing, é outra noção de tempo. Eu consegui superar isso, eu consegui chegar até aqui. Eu sou uma eu sou uma nova mulher”.
LEIA A ENTREVISTA DO ALÔ ALÔ BAHIA COM CLAUDIA LEITE:
- Queremos saber mais sobre o videoclipe lançado nesta sexta-feira. Mas, antes de tudo, o que é “Liquitiqui”?
- Onde você conheceu eles?
- O clipe de “Liquitiqui” foi gravando em que local? Vimos que tem uma vibe “Verão”, uma coisa mais quente que até lembra Salvador, apesar de ficar claro que não é. Como foram as gravações?
- A canção marca o início do projeto “O Carnaval da Minha Vida”, que envolve uma série de lançamentos e eventos. O que você pode antecipar sobre isso?
- Você falou que enfrentou dificuldades nesse Carnaval. O que houve? Quando você fala que você não conseguia “dar conta”, é uma coisa física? Psicológica? O que você sentia?
Eu me lembro que eu fui fazer uma ação numa loja, em Salvador, para entrega de abadás. E eu fui acometida por uma emoção muito diferente de todas que eu já tive em toda minha vida. Eu não sabia lidar com aquela sensação que eu tava sentindo ali. E eu acho que os meus fãs também não estavam conseguindo. Eu precisei realmente de muito equilíbrio. Eu não vivi intensamente esse Carnaval, muito embora tenha sido um Carnaval lindo e as pessoas tenham sido muito felizes também… eu vi, eu me deleitei naquilo, eu sou muito grata, mas eu tive que ter um autocontrole muito grande porque era psicológico, mas era físico também. Era: “eu preciso me equilibrar para fazer a minha música acontecer porque senão eu vou me emocionar o tempo inteiro aqui, e não vou fazer o que eu vim fazer, né?”. Então foi diferente de todos os Carnavais da minha vida.
Por isso que eu tô dizendo que a partir de agora eu vou viver o Carnaval da minha vida.
- É como se fosse você não tivesse conseguido viver tudo que queria ter vivido. Teve que se controlar para seguir, né? Para dar conta daquilo...
- Seu novo projeto coincide com a comemoração dos 30 anos de carreira da Ivete Sangalo. Podemos esperar algum lançamento de vocês juntas?
- Dentro desse projeto, “O Carnaval da Minha Vida”, você pensou no tema “Parque de Diversão” para sua maratona carnavalesca. Como surgiu essa ideia?
- O que você pode antecipar sobre seus looks do Carnaval?
- O seu Carnaval vai ser todo em Salvador?
- Além do clipe que você tá lançando hoje, você vai trazer outros lançamentos para esse projeto?
- Você deve lançar tudo até a gravação do DVD, nos dias 8 e 9 abril?
- E essa gravação, em São Paulo, você vai lançar em formato audiovisual?
- Você lançou seu novo clipe no dia em que começa o Verão no Brasil. Como vai ser seu Verão?
- Você revelou recentemente que foi diagnosticada com TDAH, sigla para "Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade", após os 40 anos de idade. Para encerrar, pode nos contar um pouco como foi isso? O que isso mudou na sua vida? Afinal, a Claudinha que fez o Carnaval em 2023 não sabia que tinha TDAH e a de agora sabe…
- Você nunca desconfiou que tinha esse transtorno?
- Você se julgava muito? Isso mudou após o diagnóstico?
Muito embora tenha muito diagnóstico tardio, quanto antes a gente puder tratar uma criança para inserir ela num contexto, dar condições especiais mesmo para quem tem TDH, melhor. Porque ela vai ter chance de exercer a função dela. Eu tive a felicidade, a benção, não sei porque. Não me pergunte, porque é uma questão divina, mas de ter descoberto o que eu queria pra minha vida ainda na minha fase de criança, então o meu hiperfoco - que é uma qualidade - ele foi aguçado na minha infância. Meus pais sempre foram pais maravilhosos, mas a gente sabe que tem pessoas que não são privilegiadas assim, que não vivem num lar compreensivo, não têm acesso a um colo, onde se sintam felizes. Eu acho que é muito importante falar disso. Achei que foi incrível você tocar nesse assunto agora e eu me sinto muito feliz de poder falar disso nesse tempo.
- Você sentia que o fato de ter TDAH te interferia em alguma coisa no Carnaval?
- É perceptível que você está mais em paz consigo mesma após esse diagnóstico. No palco e no trio você sente alguma diferença prática?
Agora é muito importante ir pra um médico. Eu tive o diagnóstico de TDAH antes e foi assustador para mim. Eu sempre ouvi que eu era hiperativa e isso sempre foi um problema de alguma forma. Principalmente como mulher, porque eu sou serelepe, e eu sou “Claudinha Bagunceira”. Eu sou aquilo ali mesmo: super elétrica, flui de mim e eu não tenho muito controle. Eu sou ativa, tenho meus momentos mais concentrada, mas são mínimos. Eu sou muito falante, elétrica e tal. Às vezes não era compreendida. Eu trabalho com banda predominantemente masculina, a gente está falando de 20 anos atrás, eu era muito novinha. Ouvia muito: “Ah, essa menina daí tá querendo tomar ousadia comigo porque ela é agitadinha, ela tá se movimentando muita. Tá mexendo muito no cabelo. Fala muito…”. E eu tava ali só sendo eu. Então isso gera comportamentos que são muito mais profundos, e só se resolve isso com o acompanhamento médico. Você tem que ter um bom médico para para dar um diagnóstico, por exemplo. Você saber que tem TDAH não é tão libertador quanto você ser tratado por um psiquiatra. Precisa realmente de um acompanhamento individual médico. Isso é urgente. E eu eu tô sabendo que agora o SUS vai disponibilizar ainda mais psiquiatras. Então eu eu quero estimular as pessoas a marcarem logo uma consulta porque quanto mais cedo elas souberem quais são as dificuldades que elas vão ter que enfrentar, mais preparadas elas vão estar. Principalmente TDAH, que precisa ensaiar para fazer as coisas direito; para não esquecer uma chave para não se perder…
- Como funciona seu tratamento?
Fotos: Nara/Divulgação e Alô Alô Bahia.
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