3 May 2022
Único filme brasileiro em Cannes é clássico baiano restaurado em 4K. Saiba qual

O projeto foi finalizado em 2022, mais de 40 anos depois da morte do realizador baiano, e está selecionado para o 75º Festival de Cannes, onde será exibido na seção Cannes Classics, dedicada a filmes clássicos e à preservação do patrimônio cinematográfico mundial. O festival ocorre entre os dias 17 e 28 deste mês.
Segundo longa-metragem de Glauber, considerado um marco do Cinema Novo, ‘Deus e o Diabo...’ estreou mundialmente na competição do mesmo festival, em 1964, sendo indicado à Palma de Ouro. O filme foi lançado nos cinemas do Brasil em julho do mesmo ano.
“É um ciclo completo para a nossa restauração, onde o filme será reexibido pela primeira vez no mesmo local em que estreou. Que seja um novo chamado de resistência cultural”, afirma o produtor Lino Meireles, diretor do premiado longa-metragem ‘Candango: Memórias do Festival’.
A diretora Paloma Rocha falou da dificuldade de levar o projeto adiante. “Num país com a cultura tão depreciada, com a produção artística sofrendo ataques, fizemos um esforço de contracorrente. Isso só é possível porque o filme tem a força própria dele”, comentou.
A escolha pela obra foi feita não apenas por sua importância para a cultura nacional, mas pelo fato de sua última versão digitalizada ter sido feita em 2002, com qualidade inferior à atual. O novo restauro foi realizado na Cinecolor, empresa parceira da Cinemateca Brasileira, onde estava armazenada a cópia em película – cinco latas de negativos 35mm em perfeitas condições. Apesar disso, parte da obra de Glauber foi perdida no incêndio que atingiu um dos galpões da Cinemateca, em São Paulo, em julho de 2021.
'Deus e o Diabo na Terra do Sol' mescla influências literárias de Graciliano Ramos, José Lins do Rego e “Os Sertões”, de Euclides da Cunha. Na trama,o vaqueiro Manuel (Geraldo del Rey) e sua esposa Rosa (Yoná Magalhães) fogem para o sertão depois que ele mata um coronel que tenta enganá-lo. No ermo brasileiro, violento e assolado pela seca, eles encontram duas figuras icônicas: Sebastião, que se diz divino, e Corisco, que se descreve como demoníaco. Amarrar seus destinos com essas figuras é uma decisão trágica, no entanto, pois o mercenário Antonio das Mortes está em seu encalço.
Além de ‘Deus e o Diabo...’, o legado de Glauber inclui outros longas-metragens importantes para a história do cinema nacional, como ‘Barravento’ (1962), ‘Terra em Transe’ (1967), ‘O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro’ (1969), ‘O Leão de Sete Cabeças’ (1970), entre outros. Com informações do Jornal Correio.
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