Casa de Gana: projeto realiza intercâmbio cultural entre país africano e Bahia com atividades gratuitas

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Uma programação gratuita de 4 dias vai ser promovida em Salvador pela Embaixada de Gana no Brasil. A representação lançou a Casa de Gana, projeto que contará com música, dança, culinária, literatura, artesanato e debates sobre conexão Brasil e Gana. A Casa de Gana será instalada no Pelourinho entre os dias 20 e 24 de novembro, das 10h às 22h, com visitação gratuita.

A ideia é fortalecer e criar novos laços de intercâmbio cultural entre África-Bahia, desmistificando estereótipos e apresentando histórias e tradições desconhecidas de um país africano. A programação faz parte do Salvador Capital Afro e a iniciativa é liderada pelo estilista e designer Luiz Delaja, nascido no Brasil e educado na África Central e Ocidental.

Entre os destaques da casa estão a apresentação do Cortejo Durbar, onde artistas ganeses farão o Fontomfrom de Shebre - dança para dar boas-vindas a chefes e autoridades; leitura e discussão do livro “Adinkra - Sabedoria em Símbolos Africanos”.

Inclui, também, conversas sobre conexões entre Brasil e Gana, além de apresentações das danças tradicionais Adzogbo e Takai; e de música com a jovem Wiyaala, conhecida como A Jovem Leoa Africana, e DJ Sankofa. Também estarão presentes uma comitiva com cerca de 18 representantes diplomáticos de vários países africanos e latinoamericanos.

Outro destaque que será apresentado da cultura ganesa é o tecido kente, conhecido por suas cores, simbolismo e história. Um tecido tradicional dos reis Ashanti, que formaram um dos maiores impérios residentes no continente africano, eles ocuparam um grande espaço no mapa e na cultura do continente e imprimiram tudo isso em padrões coloridos nesse tipo de artesanato e vestuário.
 
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DeLaja, que há cerca de 10 anos atua promovendo eventos no Brasil que dialoguem com as culturas africanas, especialmente de Gana, ressalta que toda a programação é construída para além do entretenimento, mas com a intenção de transmitir conhecimento e contato com a ancestralidade.

“Como criativo, procuro dar novos significados e usos ao que é considerado artesanal, de África, e elevá-lo a uma interpretação contemporânea, da decoração à comida. Todos os sentidos devem ser estimulados; portanto, cada pessoa leva consigo alguma experiência e percepção única e/ou diferente do evento.”, conta.

Espaço cultural permanente em Salvador

A Casa de Gana nasce com uma programação temporária, mas a ideia é que o projeto seja um centro cultural fixo que ocupe um espaço no Pelourinho. O projeto está em desenvolvimento junto com a Embaixada de Gana no Brasil, Governo do Estado da Bahia e Prefeitura de Salvador.

“Além de eventos, os planos incluem um restaurante, bem como diversos cursos sobre temas e fazeres ganenses. A expectativa é de que também sirva como ponto de referência para os ganeses que viajam pelo Brasil, não apenas como um sentimento de orgulho, mas como um sentimento de conexão com nossos antepassados que caminharam, trabalharam e viveram seus dias em Salvador”, destaca o designer e curador do projeto.

Relação Gana e Brasil

Brasil e Gana estabeleceram relações diplomáticas em 1960. A embaixada em Acra - capital de Gana, foi a primeira do Brasil na África Subsaariana. A embaixada de Gana em Brasília é a única do país na América do Sul. Segundo Luiz DeLaja, as conexões entre os dois países são muitas.

“Grande parte dos africanos escravizados que foram embarcados para o Brasil pertenciam à costa da África Ocidental, e aqueles que foram repatriados e voltaram à Gana até hoje são chamados de “Tabom”, isto vem da expressão em português "Tá bom". Eles trouxeram consigo muitas habilidades, incluindo a construção da primeira casa de dois andares em Accra - capital de Gana, conhecida como Casa Brasil.

Nos anos 1960 e 1970, as relações foram marcadas pela agenda comum voltada para a condenação ao apartheid e para a autodeterminação dos povos, entre outros temas. Na década de 1980, Gana co patrocinou o projeto de resolução apresentado pelo Brasil na ONU para a criação da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (ZOPACAS). Gana tem sido importante parceiro do Brasil na África Ocidental, o que se reflete na intensificação do diálogo político e do comércio bilateral e no fortalecimento da cooperação técnica.

“Esperamos que com o tempo comecemos a mudar as percepções sobre o quê África tem para oferecer, a contar as nossas próprias histórias em primeira pessoa, a trocar conhecimentos e fortalecer vínculos culturais e comerciais”, reforça Luiz Delaja

SERVIÇO
Casa de Gana - Salvador Capital Afro
20 a 24 de novembro, das 10h às 22h
Pelourinho: Ladeira São Miguel, 07
Gratuito

Sobre Luiz Delaja

Nascido no Brasil e educado na África Central e Ocidental, com anos de experiência de trabalho junto às principais marcas de moda na África, incluindo Woodin (parte do Vlisco),Gana.

Atua como produtor e curador de eventos, e tem experiência em multi-disciplinas de design interior, acabamento, planejamento de eventos, coordenação de projetos, decoração e criação. Seu portfólio vai desde a confecção de trajes para a visita presidencial de gala do ex-presidente Bill Clinton à Gana, à organização do concurso Miss Universo Gana por mais de cinco anos, e o lançamento de Woolworths em Gana, entre outros.

Luiz chegou à Cidade do Cabo por amor, contribuiu imensamente para algumas das ofertas criativas mais espetaculares da África do Sul, incluindo Design Indaba, figurinos e carros alegóricos do Carnaval da Cidade do Cabo, figurinos para divulgar marcas,como Nespresso,Marlboro e até uniformes para o Raddison Vendome na Cidade Do Cabo na Africa du Sul.

Estudou Arte Africana na universidade Obafemi Awolowo, cidade considerada o berço da tradição ioruba ILE-iFE. Em 1994 mudou para Gana e passou a criar com base nos tecidos Kente, dos reis Ashanti, e dos símbolos adinkra. Seu trabalho já foi exibido na prestigiada noite de premiações da Confederação de Artistas, no Museu Nacional de História de Nova Iorque. Exibiu 13 trajes de alta costura, ao lado de peças de grande estilistas como Dior, e seu ídolo Jean Paul Gaultier.

Em 2016 volta ao Brasil e vence um concurso do Museu do Amanhã para uma oficina de moda e tecnologia. Nos últimos anos, além da moda , vem criando e montando um evento em Brasília para crianças da periferia que aborda a educação de África, cultura, música etc. Um projeto elaborado junto com a embaixada de Gana, em Brasília. Este mesmo projeto teve destaque em um estande na Feira Preta.

Publicado por H.C. | Foto: Divulgação

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