4 Dec 2014
Carta a Papai Noel

Primeiro, queria que você me trouxesse segurança, e levasse pra bem longe, lá pro Pólo Norte, de preferência, todos os meus medos. Ah, e minhas angústias também. Que me tornasse forte, firme e deixasse em mim o mínimo possível de dúvidas. Apenas o suficiente pra dar um certo charme às minhas escolhas. Gostaria também que arranjasse um jeito de fazer com que o relógio não andasse tão depressa, pra eu poder aproveitar mais a companhia das pessoas que eu amo. E me desse coragem pra sempre admitir quando eu errar. Sim, Papai Noel, porque coisa difícil é reconhecer nossos enganos. Mas, ao mesmo tempo, desejaria mais disposição, pra dar rapidamente a volta por cima, sem perder nem mais um minuto me lamentando sobre o que não tem jeito.
Queria, ainda, uma chance, uma chancezinha só, de conversar novamente, só mais uma vez, com aquela pessoa que se foi. E você sabe de quem eu estou falando. E se não for pedir muito, queria que, quando eu acordasse, minha timidez tivesse ido embora, e eu conseguisse dizer exatamente o que eu sinto, e ir aonde eu tivesse vontade, daquele jeito que só as pessoas verdadeiramente independentes sabem fazer. Gostaria, se possível, de ter mais tranqüilidade e menos pressa. Ah, sim, Papai Noel, uma dose a mais de autoconfiança também, por favor.
No mais, pode deixar tudo como está. Até porque, não posso me esquecer de que você é um cara muito ocupado, e ainda precisa fabricar bicicletas, sons, DVDs, carros, etc., pra quem ainda não descobriu que nenhuma dessas coisas será capaz de alimentar a alma, nossa única parte que não enferruja, nem acaba, e exatamente a que vai, no final das contas, determinar o desfecho que daremos à nossa própria história.
Brigada, Papai Noel... e Feliz Natal, tá?!
Por Gilka Maria – Foto: Reprodução.