Carta a Papai Noel

Querido Papai Noel, como alguém já disse por aí, "a maturidade é como o futuro: não chega nunca". Por isso que, mesmo já tendo passado por tantas coisas ao longo dessa vida, eu ainda gostaria muito, muito mesmo, de ter por perto um bom velhinho como você. Só que agora, se tivesse essa oportunidade, pediria coisas um pouco diferentes, já que, com o tempo, descobri que as bonecas não conversam, os brinquedos envelhecem e os super-heróis não existem. Assim, queria que, neste Natal, você chegasse de repente, enquanto eu estivesse dormindo mesmo, e acrescentasse em mim - sabe-se lá como - as ferramentas que me faltam (e são tantas!) pra enfrentar cada dia que virá pela frente.

Primeiro, queria que você me trouxesse segurança, e levasse pra bem longe, lá pro Pólo Norte, de preferência, todos os meus medos. Ah, e minhas angústias também. Que me tornasse forte, firme e deixasse em mim o mínimo possível de dúvidas. Apenas o suficiente pra dar um certo charme às minhas escolhas. Gostaria também que arranjasse um jeito de fazer com que o relógio não andasse tão depressa, pra eu poder aproveitar mais a companhia das pessoas que eu amo. E me desse coragem pra sempre admitir quando eu errar. Sim, Papai Noel, porque coisa difícil é reconhecer nossos enganos. Mas, ao mesmo tempo, desejaria mais disposição, pra dar rapidamente a volta por cima, sem perder nem mais um minuto me lamentando sobre o que não tem jeito.

Queria, ainda, uma chance, uma chancezinha só, de conversar novamente, só mais uma vez, com aquela pessoa que se foi. E você sabe de quem eu estou falando. E se não for pedir muito, queria que, quando eu acordasse, minha timidez tivesse ido embora, e eu conseguisse dizer exatamente o que eu sinto, e ir aonde eu tivesse vontade, daquele jeito que só as pessoas verdadeiramente independentes sabem fazer. Gostaria, se possível, de ter mais tranqüilidade e menos pressa. Ah, sim, Papai Noel, uma dose a mais de autoconfiança também, por favor.

No mais, pode deixar tudo como está. Até porque, não posso me esquecer de que você é um cara muito ocupado, e ainda precisa fabricar bicicletas, sons, DVDs, carros, etc., pra quem ainda não descobriu que nenhuma dessas coisas será capaz de alimentar a alma, nossa única parte que não enferruja, nem acaba, e exatamente a que vai, no final das contas, determinar o desfecho que daremos à nossa própria história.

Brigada, Papai Noel... e Feliz Natal, tá?!

Por Gilka Maria – Foto: Reprodução. 

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