26 Nov 2022
‘Caos na saúde’: equipe de transição descreve situação deixada para 2023

Segundo o coordenador, o quadro atual é de “absoluta insegurança” em relação ao programa nacional de imunização, no qual o Brasil já foi referência mundial. “Não se trata apenas de vacina contra a Covid, mas do programa nacional de imunização. Identificamos um dos mais graves problemas do país, é uma demonstração do descalabro em que a gente se encontra”, comentou Chioro.
“Vemos uma política de contra-comunicação. Enquanto Estados, municípios, cientistas, pesquisadores sanitaristas e as mídias se esforçavam em informar adequadamente a população, o governo se organizou para divulgar informação estritamente antagônica", destacou o médico, chamando atenção para o fato de dados sobre estoque terem sido colocados sob sigilo, quando deveriam ser informação pública.
“Até 2015, o Brasil mantinha cobertura vacinal para todas as vacinas inseridas no calendário nacional de imunização em nível superior a 95%. Essas coberturas foram caindo de tal forma que hoje nós estamos numa situação de absoluta insegurança. Esse não é o diagnóstico apenas do grupo de transição, é um diagnóstico apontado pelos gestores municipais, estaduais, pelos especialistas", disse, determinando que o que poderia ser um potencial risco é concreto.
“O negacionismo trouxe sequelas”, acusa o ex-senador Aloizio Mercadante, que também atua na coordenação geral da transição. Segundo ele, o objetivo do grupo é produzir um “diagnóstico sensível aprofundado dos principais problemas e das vulnerabilidades que a área da saúde poderá enfrentar, olhando o horizonte dos próximos 120 dias, a partir da posse de Lula”.
Nos últimos anos, o setor público de saúde deixou de receber grande parte dos recursos. O jornal O Estado de S.Paulo aponta que, para atender apenas necessidades emergenciais, são necessários R$ 22,7 bilhões. A publicação destaca que entre os mais afetados está o programa Farmácia Popular e a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), que estaria em situação de total incapacidade de lidar com o trabalho que precisa executar, por falta de recursos e de mão-de-obra.
“Nós tentamos encontrar informações que pudessem nos indicar o tamanho do problema. Não existe no Ministério da Saúde nenhuma informação que possa apontar o tamanho do déficit, do maior problema de saúde vivido pela população brasileira. É um verdadeiro deserto de informações, uma incapacidade de enxergar o problema na sua dimensão real”, disse Chioro.
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