CAIXA Cultural Salvador apresenta espetáculo sobre ex-catadora de papel que se tornou famosa escritora no século XX

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Em uma estreia aguardada, a CAIXA Cultural traz para Salvador a peça "Eu Amarelo: Carolina Maria de Jesus". Sob direção de Isaac Bernat, o espetáculo terá sua primeira apresentação no dia 22 de março e seguirá nos dias 23, 24, 29, 30 e 31 de março e nos dias 5, 6 e 7 de abril. A peça é baseada na obra "Quarto de Despejo - Diário de uma Favelada", best seller da maior escritora negra do país no século XX. O projeto conta com patrocínio da CAIXA e do Governo Federal.

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"Eu Amarelo: Carolina Maria de Jesus" mergulha na vida da renomada escritora negra Carolina Maria de Jesus, ex-catadora de papel que se transformou na maior escritora negra do Brasil no século XX. Baseada no livro "Quarto de Despejo", traduzido em 13 idiomas para 80 países, a peça evidencia as inquietudes sociais e as experiências emocionais de quem vive na escassez. Também aponta a trajetória ímpar da escritora, que deixou mais de 4.500 páginas em seus manuscritos.
 
Assinado pelo dramaturgo Elissandro de Aquino, o espetáculo apresenta fragmentos do amplo legado de Carolina Maria de Jesus por meio de suas obras, como "Diário de Bitita" e "Casa de Alvenaria", além de pesquisa biográfica e provérbios. A história abrange três momentos cruciais na vida da escritora: sua estadia na favela, que resultou nos diários; a ascensão literária, que a tornou um fenômeno editorial de vendas; e, por último, o seu esquecimento total. Quarenta anos após a sua morte, o Brasil volta a olhar para a obra de Carolina, que profetizara: “ninguém vai apagar as palavras que eu escrevi”.
 
A atriz e produtora cultural Cyda Moreno é quem assume a responsabilidade de trazer vida à personagem de Carolina, além das inesquecíveis Luiza Mahin, uma ex-escravizada de origem africana, radicada no Brasil, que teria tomado parte na articulação dos levantes de escravos que sacudiram a Província da Bahia nas primeiras décadas do século XIX, e Nina Simone, pianista, cantora, compositora e ativista pelos direitos civis dos negros norte-americanos.
 
Para Cyda, a escritora conseguiu extrair a poesia das inúmeras dificuldades e do seu talento único. “Carolina extraiu poesia e lirismo para fazer ressoar as misérias do povo da favela. Sua literatura repleta de erros de grafia é peculiar, recheada de palavras rebuscadas e profundas que refletem as inúmeras fomes do nosso povo por espaço, dignidade, reconhecimento, oportunidades e respeito à nossa identidade. O Brasil precisa conhecer a força de Carolina e a sua realeza”, ressalta Cyda Moreno.
 
Nos dias 22 e 23 de março, após as sessões do espetáculo, o público terá a oportunidade de participar de bate-papos. No primeiro dia, a conversa contará com a presença de Cyda Moreno, Isaac Bernat e Elissandro Aquino. Já no dia 23, os participantes serão Vanda Machado e Isaac Bernat. Além disso, o diretor Isaac Bernat ministrará uma oficina presencial e gratuita, nos dias 23 e 24, das 9h às 13h, intitulada "Olhar do griot e o ofício do ator". A sessão do dia 29 contará com acessibilidade em libras.
 
Foto: Edu Prado.

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