Bolsonaro fez reunião com cúpula militar para avaliar golpe, disse Mauro Cid em delação

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O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, afirmou em depoimento à Polícia Federal (PF) que o então presidente Jair Bolsonaro discutiu com comandantes das Forças Armadas a possibilidade de um golpe de estado. A informação foi revelada nesta quinta-feira (21) pelos jornalistas Bela Megale, no jornal O Globo, e Aguirre Talento, no UOL.

Segundo a apuração, além de Bolsonaro, a reunião contou com a presença da cúpula das Forças Armadas e ministros da ala militar. A pauta foi uma minuta que abriria a possibilidade de intervenção. Caso fosse colocado em prática, o plano de golpe impediria a troca de governo no Brasil.

O fato foi revelado por Cid em depoimento de delação premiada fechada com a PF De acordo com as reportagens, o militar afirmou aos investigadores que participou da reunião.

Segundo o jornal O Globo, Cid relatou ainda que o "então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, teria dito a Bolsonaro que sua tropa estaria pronta para aderir a um chamamento do então presidente". Já o Comando do Exército afirmou que não embarcaria no plano golpista.

Minuta golpista
A Polícia Federal investiga se o documento apresentado no encontro com os comandantes é a mesma minuta encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres.

O Almirante Almir Garnier dos Santos foi exonerado do Comando da Marinha no dia 30 de dezembro de 2022. Numa quebra de protocolo, ele não compareceu à cerimônia de posse do sucessor, o atual comandante Marcos Sampaio Olsen, no dia 5 de janeiro deste ano.

Ministro relata constrangimento
Após das reportagens na imprensa, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, se pronunciou sobre a suposta reunião e disse que soube do assunto pelas notícias. O ministro disse que embora os citados já tenham deixado as Forças Armadas, a revelação causou constrangimento.

"Pessoas que estão na reserva, os citados. Nós desejamos muito que tudo seja absolutamente esclarecido. Precisamos desses nomes", disse Múcio. "Evidentemente que constrange esse ambiente que a gente vive. Essa aura de suspeição coletiva nos incomoda. Mas essas coisas que saíram hoje [são] relativas a governo passado, comandantes passados. Não mexe com ninguém que está na ativa", prosseguiu.

José Múcio adiantou que vai se encontrar com os comandantes ainda nesta semana."O que nós vamos conversar é exatamente sobre isso. Nós não temos nada além do que vocês informaram. Nós ficamos sempre torcendo que essas coisas tenham fim, porque você pode imaginar o que é trabalhar com um manto de suspeição. É muito ruim. Quem não tem nada a ver com isso se sente incomodado, mas tudo vai chegar a um bom fim", disse o ministro.

Ainda de acordo com Múcio, o planejamento de um possível golpe foi um ato isolado e que nunca interessou às Forças Armadas como um todo: "Uma coisa eu tenho absolutamente certeza cristalina é que o golpe não interessou em momento nenhum as Forças Armadas".

*Publicado por Naiana Ribeiro, com agências. Fotos: Agência Brasil.

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