27 Jun 2023
Baiana começa negócio com US$ 30 dólares e fica milionária vendendo tapioca nos EUA


Nascida na fazenda Boa Vista, no município de Caraíbas (BA), aos 11 anos, Verônica mudou-se para Belo Campo, a 477 km de Salvador, com cerca de quatro mil habitantes na época. "Cresci na roça com nove irmãos. Meus pais eram lavradores, e tivemos uma infância muito simples. Passamos por momentos difíceis, como a falta de comida e de oportunidades, mas sempre tivemos muito amor e vontade de crescer e realizar", diz em conversa com o Alô Alô Bahia.
A baiana fez um curso de enfermagem e trabalhou por alguns anos no hospital da cidade, mas foi demitida quando tinha 26 anos. Com R$ 500 na conta e sem saber falar inglês, Verônica decidiu arriscar e embarcar para os EUA. Chegou no estado da Virgínia e em uma semana começou a trabalhar com brasileiras que tinham uma empresa de limpeza.
Após um tempo, conheceu seu marido, Adriano Gomes, e mudou para Massachusetts. Passou quatro anos limpando casas, escolas, escritórios e bancos, quando começou a fazer tapioca recheada para amigos e clientes após o expediente para ganhar uma grana extra. Com apenas US$ 30 ela comprou os primeiros ingredientes; e o que era uma fase se tornou um negócio com faturamento anual de US$ 1,5 milhão.

"Eu decidi fazer tapioca recheada para suprir aquela necessidade do momento. Aprendi a fazer com a minha mãe na infância ainda - era o que a gente fazia para o café da manhã. Eu comecei a fazer nos EUA com US$ 30 dólares porque era o que eu tinha. Comprei pratinho descartável para colocar a tapioca, enrolei com plástico filme... E foi uma forma bem simples ali no início. O início do negócio foi muito difícil, desafiador. Nós não tínhamos recursos para investir e começar uma empresa maior. Fui estruturando ao longo desses anos", conta a empresária baiana.
Em 2015, Verônica comprou um restaurante brasileiro na cidade de Framingham, em Massachusetts, o BR Takeout, com foco em comida mineira e nordestina.

Um pouco depois, abriu uma fábrica de tapioca vegana, sem glúten, sem açúcar, sem conservantes e sem sódio - sua marca própria, a Tapioca da Baiana, tem entrega produtos para todos estados norte-americanos, e é vendida em 136 pontos físicos.
"Eu tenho 15 funcionários diretos e em torno de 50 funcionários indiretos. No nosso restaurante de comida brasileira, temos diversos pratos, como pastel, caldo de cana, macarrão na chapa, picanha, feijoada, coxinha...", cita Verônica, que hoje mora em Upton, Massachusetts, com a filha Maria Victoria, 7. Ela tem outro filho, Zenilton, 27, que mora no Brasil.

Além de gerenciar duas empresas, a baiana também dá mentoria para mulheres que desejam empreender e começar do zero, assim como ela. "Eu realizo palestras, eventos, mentorias, consultorias. Vi essa oportunidade de servir a nossa comunidade, servir outras pessoas, quando eu passei por todo esse processo e vi o quão difícil foi a falta de informação e o próprio caminho. Por isso, decidi ajudar outros empreendedores, pessoas com sonhos e projetos, trazendo conhecimento", explica.
Verônica é a primeira brasileira a conseguir entrar com um único produto, a Tapioca, na maior rede de supermercados da Nova Inglaterra, região que compreende seis estados no nordeste dos Estados Unidos. A Tapioca da Baiana é vendida em sete lojas da Stop & Shop nas cidades de Framingham, Milford, Hudson, Revere, Malden, Hyannis e South Yarmouth.

“É um projeto piloto, mas já estou muito feliz. Eu sempre sonhei e falei que entraria no mercado americano. Eu trabalhei nos últimos sete anos para isso acontecer. Entrar no mercado americano não é uma vitória somente da Verônica. É uma vitória das mulheres da nossa comunidade imigrante, dos brasileiros, e especialmente das mulheres que acordam ser todos os dias para trazer o sustento para suas casas. É uma grande alegria”, comemora.
A baiana conta que já pensou em desistir algumas vezes, mas a vontade de mudar sua vida e a da família não deixou. "Minha determinação e o desejo de crescer e superar os desafios foram maiores. Hoje, meu maior orgulho é poder oferecer uma vida boa para minha mãe, com mais saúde, qualidade e conforto", diz. Para ela, empreender não é apenas sobre o que você sabe e, sim, sobre o quanto se dedica. "Não existe sorte: é trabalhar, não desistir, errar e falhar no meio do caminho até acertar", afirma.
Ainda em entrevista ao Alô Alô Bahia, Verônica conta que chegou a vir para Salvador algumas vezes quando morava na Bahia: "O que eu mais gosto é do acarajé. Amo a alegria do baiano. É a nossa terra, é a minha terra. Então é sempre muito bom estar aí. Assim que possível, eu irei pra minha cidade e para a capital também".

Fotos: Divulgação.
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