Artista visual Ju Fonseca explora sensações e sentimentos na exposição Nó Aberto

A imperfeição do amor, as tristezas das perdas, as angústias, as raízes com o Recôncavo baiano, os laços com a avó, autoaceitação, desconstrução e descoberta são algumas camadas presentes nas obras que a artista visual Ju Fonseca concebeu para a exposição Nó Aberto, que chega ao público em 6 de novembro, na Cronópios Casa de Cultura, no Santo Antônio Além do Carmo, com inauguração para convidados na tarde anterior.

As vivências acumuladas ao longo de anos, em especial durante a pandemia, foram materializadas por Ju em peças produzidas com cordões, fios de seda e cerâmica para sua primeira mostra solo, composta por 8 peças. “Todo mundo tem nós e nóias, com os quais temos que aprender a lidar, mesmo e apesar deles. O nó aberto é a metáfora para novas possibilidades, é um paradoxo em si. Esse aparente paradoxo me capturou e decidi nomear assim o projeto, que vem sendo idealizado há dois anos”, explica.

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As cores quentes, como o vermelho e o laranja, predominam no trabalho, representando os sentimentos. Para a produção das peças, a designer utilizou um total de 7 mil e 500 metros de fios de seda - só a obra principal possui 2 mil e 500 metros.

Com seu trabalho, Ju, nascida em Cruz das Almas, no Recôncavo, demonstra um olhar especial para o fazer artístico manual, apurado observando as habilidades da avó, dona Jovelina. “Tudo começou com ela. Minha vó era muito caprichosa, tudo tinha um babado em sua casa. Era colcha de crochê, fuxico, roupinha de botijão…", relembra.
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Acostumada a desenvolver objetos com cordões de seda entrelaçados, a artista incorporou no novo projeto a cerâmica, com as múltiplas possibilidades que o material oferece: “Quando eu descobri esse novo elemento e sua rusticidade, vi que podia fazer qualquer coisa. Eu acho que a argila dá movimento. Ela tem o tempo de espera próprio, ela te decepciona - porque você está esperando sair uma coisa e sai outra completamente diferente - e aí você reconfigura o seu olhar, começa a ver outras belezas”.

Ju formou-se em Moda durante o tempo em que morou em Belo Horizonte (MG), e está há quase uma década em Salvador, onde atua como designer de joias, além de ter desenvolvido projetos de moda em parceria com a estilista Carol Barreto.

Para finalizar as peças da exposição, Ju Fonseca ouviu a voz potente de Maria Bethânia - “Ouvir música é um ritual que desenvolvi enquanto produzo. Me acalma, direciona meu trabalho”. Durante a visitação à mostra, o público também fruirá com música. A DJ e produtora baiana radicada na Alemanha, Marina Sarno, criou uma trilha especialmente para a ocasião.

A visitação aberta ao público e gratuita à exposição vai de 6 de novembro a 15 de dezembro, das 15h às 19h, na Cronópios Casa de Cultura, no Santo Antônio Além do Carmo.

Fotos: Roque Boa Morte/divulgação.Também estamos no Instagram (@sitealoalobahia), Twitter (@Aloalo_Bahia) e Google Notícias.

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