Após ameaça de condômino a vendedor de sopa, moradores se mobilizam e dão resposta emocionante em Salvador; vídeo

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O vendedor de sopa Izael Menezes seguia sua rotina de vendas na região do Acupe de Brotas, em Salvador, na última quarta-feira (16), quando acabou surpreendido por uma ameaça inesperada feita pelo morador de um condomínio.

O ataque ocorreu logo depois que ele chegou à frente de um condomínio, carregando sua caixa de isopor com quentinhas de 500 ml de sopa, e anunciou sua chegada em voz alta. 

“Eu estava vendendo minha sopa como de costume. Eu grito para que as pessoas saibam que eu estou ali”, contou Izael, que passou a vender a sopa depois de ficar desempregado, ao jornal Correio.

No entanto, o aviso de sua presença incomodou um morador não identificado, que falou que ele devia se calar ou sair dali, caso contrário poderia ser agredido.

“Esse morador ficou incomodado. Ele já falava há algum tempo, eu achava que era brincadeira, mas dessa vez, ele gritou que ia descer, que ia fazer e acontecer. Eu tive medo”, contou ele, que decidiu ir embora.

“Nessa quarentena está ficando todo mundo doido, e a gente não tá na cabeça de ninguém, então eu peguei minha caixa e decidi ir pra casa e até parar de vender. Porque se eu não consigo vender, não consigo repor o material”, completou.

As ameaças, claro, acabaram ouvidas por outros moradores, que decidiram se mobilizar e responder à ameaça absurda sofrida por Izael, que chegou a ser visto chorando enquanto fazia o caminho de volta para casa. 

Indignada, a moradora Laís Brito reclamou da abordagem do morador no grupo de WhatsApp do condomínio e, em seguida, criou um novo grupo reunir quem quisessem ajudar o vendedor.

Os moradores pediram o Pix de Izael e enviaram contribuições. Ele agradeceu a ajuda em um vídeo com a esposa e as três filhas. Além da ajuda financeira, os moradores incentivaram que ele continuasse a vender a sopa nesta quinta (17).

Ele então atendeu ao chamado, mas outra situação inesperada – dessa vez de forma positiva – aconteceu, quando ele voltou ao condomínio.

Um grupo de moradores já o esperava em uma fila e, com gritos e aplausos, contagiaram outros condôminos nas varandas, que protestaram com a frase que havia sido interditada: "Olha a sopa! Olha a sopa!"
 


A história foi divulgada inicialmente pelo jornalista Raphael Carneiro, nas redes sociais. Clique para ver a série de tuítes que ele fez sobre o caso.
 
Surpresa e emoção 
Ver os moradores gritando 'olha a sopa' aqueceu o coração de Izael, que diante de tantos pedidos antecipados, precisou de uma caixa bem maior do que a que trabalha normalmente para levar a sopa. 

A fila foi grande e, em menos de meia hora, ele vendeu todo o estoque que havia preparado junto com Katiza, sua esposa.

Laís também comemorou o sucesso da resposta ao vizinho desconhecido. “Fiquei extremamente feliz. Ontem eu fui dormir muito triste e hoje eu vou dormir feliz. Eu vi todo mundo se unir em prol de uma família. Foi muito bonito”, disse ao Correio.

Izael refletiu sobre o ocorrido: “O que ele fez comigo foi uma falta de respeito com o próximo. Eu vejo muitos casos de humilhação na televisão, e até choro, mas nunca achei que poderia acontecer comigo. O cara no apartamento dele, no conforto, eu aqui embaixo, só querendo ganhar meu pão e ele incomodado e falar um negócio desse”, comentou. 

“Eu fiquei muito chateado porque a coisa já está difícil e ainda querendo tirar a gente do lugar do ganha pão, mas depois de ver o que aconteceu hoje, algo tão emocionante que só mostrou que um ameaçador não representa tantas outras pessoas”, concluiu, agora contente com o acolhimento.

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