A morte e a morte de Hugo Chávez

Como o amado personagem de nosso Jorge, Quincas, há inúmeras controvérsias sobre a morte (ou as mortes) de Hugo Chávez. Teria tido morte plácida ao lado de suas dedicadas filhas e sob o amparo carinhoso de sua família? Ou teria tido outras mortes, antes, na Cuba distante de sua terra natal? Nunca visto em sua agonia, testemunhas ilustres de sua vivacidade foram uma a uma recusadas. A Sra. Kirchner não pode vê-lo. Tampouco o Sr. Morales ou mesmo o Sr. Caldera - todos mandatários de países importantes. Recusou-se o testemunho da Argentina, da Bolívia ou do Equador. Seria morto? Mas o garantiam vivo. Fidel testemunhou - ele mesmo uma espécie de Quincas. Um morto duvidoso, ou vivo desconfiante, escorava o versão do outro, talvez morto, talvez vivo. Desse mistério demoraremos a saber. Do que sabemos, Chavéz tentou um golpe de estado contra um presidente constitucional, ainda que corrupto até o último furo - o Carlos Andrés Perez; no Caracazo, bombardeou a Plaza Venezuela, onde pontificavam as 2 torres do Hilton Hotel, então o melhor da América do Sul. Destruiu a PDVSA, então maior petroleira da América Latina. Emancipou milhões de pessoas da pobreza absoluta. Fez 500 orquestras jovens com o apoio de Gustavo Dudamel - maior estrela viva da música clássica. Cindiu o país ao meio e o levou dividido a uma encruzilhada. Era militar e fruto de uma sociedade inteiramente dividida. Ricos completamente alheios ao destino de seu povo. Pior alheios a sua cultura. A Venezuela, de verdade, vivia sepultada sob uma Miami de cílios postiços e de morenas loiras, loiríssimas - como era a própria Sra. Chávez. Todas à americana. Foi o maior aliado de Cisneros, o mais rico dos venezuelanos ricos. Com sua morte, um novo ciclo de sobressaltos se inicia na América Latina. Seu petróleo financiou o devaneio de muitos. E nessa história tudo é muito. Como muito há que se cobrar do Brasil, a partir de agora.

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